O Ministério das Relações Exteriores, comandado pelo tucano Aloysio Nunes (PSDB), do governo de Michel Temer, que chegou ao poder pelo golpe parlamentar de 2016, afirmou que os votos da população da Venezuela nas eleições realizadas ontem “reforçam o caráter autoritário do regime”.

Para o governo golpista brasileiro, a consulta popular e a participação da população através do voto é sinônimo de “autoritarismo”. Ou seja, as eleições são autoritária e o golpe parlamentar e judicial no Brasil foi democrático.

O governo de Michel Temer e do PSDB lamentou a forma como ocorreram as eleições presidenciais na Venezuela, sem fundamentar o motivo. “O pleito do dia 20 de maio careceu de legitimidade e credibilidade”, diz a nota oficial.

O governo de Michel Temer queria que o governo da Venezuela aceitasse interferência internacional. Diz que “lamenta profundamente que o governo venezuelano não tenha atendido aos repetidos chamados da comunidade internacional pela realização de eleições livres, justas, transparentes e democráticas”. O Comissão Eleitoral da Venezuela afirma que há 200 observadores nas eleições, sendo muitos internacionais.

Já o Itamaraty ressalta ainda, no texto, que as eleições ocorreram em meio a presos políticos, partidos e lideranças políticas inabilitado. O Itamaraty não explica quem são os presos políticos da Venezuela e também se cala sobre a prisão sem provas e política do ex-presidente Lula, justamente para evitar que o ex-presidente possa ser candidato.

O mais irônico desta história é que o senador Aloysio Nunes, que comanda o Itamaraty é do PSDB, partido que foi derrota nas eleições presidenciais de 2014 no Brasil, e só está no governo por causa do golpe parlamentar de 2016.

“Assim, ao invés de favorecer a restauração da democracia na Venezuela, as eleições de ontem aprofundam a crise política no país, pois reforçam o caráter autoritário do regime, dificultam a necessária reconciliação nacional e contribuem para agravar a situação econômica, social e humanitária que aflige o povo venezuelano, com impactos negativos e significativos para toda a região, em particular os países vizinhos”, diz a nota do Itamaraty. (Carta Campinas e Agência Brasil)