Sérgio Moro já pode ir para Nova York em eventos organizados pelos integrantes do PSDB. O PT e parte da esquerda já estão divididos para as eleições de 2018 e agora seus integrantes e militantes poderão se agredirem até outubro e, ao final, saírem derrotados. Veja esta divisão no texto de Miguel do Rosário.

As perspectivas de uma aliança vitoriosa entre PDT, PSB, PCdoB e PT

.Por Miguel do Rosário.

Um “especialista” (as aspas não são pejorativas) publicou, no Poder 360, uma análise sobre as eleições de 2018 que despertou algumas fantasias na imaginação de meus amigos petistas.

Segundo a análise, de Alberto Carlos Almeida, o PT não vai apoiar Ciro, vai esticar a candidatura de Lula até as “últimas consequências” (a expressão é de outro amigo petista), mas aí, diz o analista, Lula não vai conseguir o registro e vai indicar alguém de dentro do PT, que será Haddad, Jaques Wagner ou Patrus Ananias.

E esse candidato tem grandes chances de ganhar.

O especialista esqueceu de completar o texto dizendo que todos serão felizes para sempre.

Na minha modestíssima opinião, trata-se de uma análise completamente furada. O pior, no entanto, não é isso: o pior é a sua superficialidade, ao tratar o futuro sem levar em conta inúmeros riscos, contradições e variáveis.

Minha crítica principal, no entanto, não é ao analista, que apenas traçou um cenário, e sim à falta de visão do PT em relação a diversos aspectos envolvidos aqui.

Quem será o candidato, afinal: Haddad, Jaques ou Patrus Ananias? Ou tanto faz? Com quais partidos o PT irá se coligar? Ou isso não faz diferença?

Quais os setores econômicos com os quais o PT vai se aliar: ou isso também não faz mais diferença para o PT?

Repare ainda que o analista dá de barato que Lula não será candidato. É como um jogo de cartas marcadas. O PT sabe que Lula não poderá ser candidato. Os analistas, incluindo aqueles que escrevem cenários favoráveis ao PT, também sabem. O eleitor já começa a saber. Mesmo assim, Lula é mantido candidato.

O PT tem de tomar muito cuidado com a forma como vai tratar os 32% de eleitores que votam em Lula, segundo as pesquisas de hoje. Tem de tratá-los com muito respeito, porque este é um eleitorado progressista, que não está votando em Bolsonaro, por exemplo. É um patrimônio que obviamente não pertence a Lula, e sim ao campo popular, que apoiou Lula e sua sucessora, que fez a luta contra o golpe, que faz oposição a Michel Temer, que luta pela liberdade de Lula, e que, ao insistir em marcar Lula nas pesquisas, protagoniza quase um ato de insubordinação ao establishment.

Neste sentido, Alberto está certo: Lula tornou-se o candidato anti-establishment. Aos 20% de eleitores cativos do PT, podem estar se somando mais uns 10% ou 15% de votos de protesto.

O Lula 2018 é completamente diferente do Lula 2002. Em 2002, Lula era um candidato que se reunia com os grandes empresários, que assinava a Carta aos Brasileiros, que prometia manter todos os contratos. Hoje, é um preso político, uma figura que representa a resistência, a revolta. Alguns falam em revolução. O maior cabo eleitoral de Lula hoje, e um das lideranças mais influentes deste petismo de guerra, nem é mais um dirigente petista, mas Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária, cujo grito de guerra é “Lula ou nada!”.

Essas são algumas características que explicam a “virada” ideológica do petismo: se antes tínhamos um partido pragmático, disposto a ampliar o arco de alianças, hoje o petismo fala em ir até as “ultimas consequências”, e apostam numa espécie de confronto final com o judiciário.