Do poder do ventre, da trança e da transa entre os quatro elementos misturados na máquina-corpo, brotam a força e a riqueza da ancestralidade feminina. O auto-amor e a força – trazidos debaixo das saias nos navios negreiros durante a formação social brasileira, e também desenterrados do chão por onde ainda pisam nossos irmãos e irmãs de pele vermelha – se manifestam em dança e corpo no espetáculo Mães da Terra, da Espelho d’Água Cia. de DanSa – a brincadeira com a palavra faz alusão a uma letra que já está ‘danSando’.

Com o intuito de convidar diferentes espectadores a uma peregrinação mística de contato com arquétipos femininos, divinos e humanos através da dança, o grupo se apresenta neste sábado, dia 5 de maio, ao meio-dia, na Praça do Coco, em Barão Geraldo, gratuitamente.

Nesta imersão matrística, revelam-se divindades afro-brasileiras – as Iabás –, deusas indianas, celtas e egípcias. Do culto à Deusa, as dançarinas convidam os espectadores a olharem para a matriz feminina das mulheres do mundo: as indígenas, as camponesas e as lavadeiras. Delas, caminha-se então para as mulheres urbanas. O espetáculo é um mergulho no arquétipo da mulher, ao mesmo tempo sagrada e profana.

Formada por 12 integrantes desde o início de 2018, a Espelho d’Água aprofunda, através deste espetáculo, seus estudos sobre o Tribal Brasil, uma das ramificações do Tribal Fusion – estilo de dança que tem como base a dança do ventre, a flamenca e a indiana –, além de agregar o estilo como ferramenta de autoconhecimento e autocura. “Através da união do grupo, é possível entender como o feminismo pode atuar neste cenário, quebrando padrões sociais de beleza e construindo um novo modo de aceitação, respeito e amor pelo próprio corpo”, afirma Larissa Holland, professora e coordenadora do grupo.

Os ensaios e aulas da companhia acontecem em Barão Geraldo, distrito de Campinas, no Aêté Espaço Vivo. O grupo surgiu a partir do projeto de Bolsa Trabalho de Larissa Holland em 2014, no qual ministrou aulas de Dança do Ventre na moradia estudantil da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para aproximadamente 40 alunas divididas em seis turmas. Após ter se graduado na mesma universidade em 2015, no curso de Música, a professora manteve o projeto de forma voluntária, percebendo a força e a importância que a dança tinha para aquelas mulheres e para si mesma.

Desde então, o grupo já realizou diversas apresentações e criou dois espetáculos: ‘Lilith: Desejos de uma Bailarina’, em outubro de 2015, e o atual ‘Mães da Terra’, que iniciou seus caminhos em novembro de 2017 seguindo os estudos sobre os arquétipos das divindades Iorubás Oxum, Iansã e Iemanjá, além das bases indígenas com o Toré e os Caboclinhos. Entre os locais por onde a companhia já passou com a mais recente montagem, estão o Centro Cultural Casarão, em Campinas – onde ocorreu a estreia –, o festival Pilares do Tribal no Rudá Bar (mesma cidade) e, mais recentemente, o Mercado Persa em São Paulo.

“O corpo é o caminho da própria peregrinação. A arte transforma positivamente a vida das pessoas de incontáveis maneiras, além de ser uma poderosa ferramenta de luta em diferentes questões sociais”, finaliza Larissa. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Espetáculo Mães da Terra
Onde: Praça do Coco, Barão Geraldo, Campinas (SP)
Quando: 5 de maio, sábado, a partir das 12h (meio-dia)
Grátis

Ficha técnica
Direção, criação coreográfica e produção: Larissa Holland
Fotografia: Mirela Von Zuben
Arte de divulgação: Mirna Rolim
Iluminação: Francisco Barganian
Som: Breno Veríssimo
Texto de divulgação e lirismos para o enredo: Stelle Dáphine Goso e Bela Sancho
Cenografia: Vick Ibanhes
Figurinos e acessórios: Patricia Camargo, Rosa Helena Camargo de Paula, Juliana de Oliveira, Ariane Paiva e todo o grupo