.Por Julicristie Oliveira.

Uma reserva no hostel. Um grupo de amigos e amigas. Um estado para rever. Em busca dos sabores capitais é um trajeto para saciar a fome e a curiosidade de sabor e de saber. Como seria seguir uma dieta vegana nas capitais brasileiras? Quais “sabores capitais” encontraríamos em Belo Horizonte?

Um final de semana de feriado prolongado, os amigos Juli, Julio, Juliano, Juliete e Julião se encontraram e se encantaram pela capital de Minas Gerais. Ao alinhar diferentes perspectivas e um evento do couchsurfing, experimentamos lugares e pratos interessantes.

Após uma pesquisada na internet, encontrei um restaurante vegano chamado “Las Chicas Vegan”. Instalado na sobreloja 20 do Edifício Arcângelo Maletta, Av. Augusto de Lima, 233, o “Las Chicas” traz uma proposta reflexiva para o veganismo ao aproximar a luta pelos direitos animais ao feminismo e ao combate à desigualdade racial. Com Frida Kahlo e Malala Yousafzai e outras mulheres ativistas grafitadas na parede interna do restaurante, a proposta do estabelecimento é oferecer comida boa, com preço justo, permeada por uma postura crítico-reflexiva. Conhecemos o “Las Chicas” na sexta e experimentamos uma feijoada vegana que tinha tudo que uma boa feijoada deve ter: feijão preto, gosto de defumado (que acredito ter sido doado pelo tofu), farofa de banana, couve, vinagrete e uma rodela de laranja. Além de refeições, o cardápio é recheado de sanduíches, sucos e outras delícias veganas.

Visitamos outros locais interessantes que, apesar de não serem restaurantes vegetarianos ou veganos, me abriram a possibilidade de comer legumes maravilhosos e feijões sem carne que me parece que só os mineiros sabem fazer.

Falando em feijões, no Mercado Central de Belo Horizonto, localizado na Av. Augusto de Lima, 744, encontrei em uma loja, escondida em um final de corredor, onde havia um balcão transparente com lindos feijões expostos para atiçar as curiosidades de pessoas vulneráveis. De feijão preto manteiga ao fradinho descascado, passando pelo feijão vermelho, roxo e roxinho, a loja oferecia uma quantidade considerável variedades, com preços justos. Lembrei do ano em que morei em Minas Gerais, quando almoçava em um restaurante da Universidade Federal de Viçosa que sempre oferecia duas opções de feijão sem carne na hora do almoço. Lugar simples, de comida boa, onde conheci o feijão vermelho e marcou minha memória gustativa para sempre. Foram tempos bons.

Então, me parece que Belo Horizonte tem sabor de feijão. Ou melhor, de feijões… de todas as cores.


Julicristie M. Oliveira tem doutorado em Nutrição em Saúde Pública, é professora do Curso de Nutrição da FCA/Unicamp e atua na área de Educação e Segurança Alimentar e Nutricional.