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Gumboot Dance Brasil estreia ‘Subterrâneo’ e conecta a África do século XIX e o Brasil atual

Em São Paulo – Um dos únicos grupos no mundo a pesquisar Gumboot – uma peculiar dança sul-africana realizada com botas de borracha de mineradores – o Gumboot Dance Brasil estreia no dia 23 de março no palco do Teatro Anchieta – SESC Consolação, o seu mais novo espetáculo “Subterrâneo”. A obra propõe uma reflexão sobre o “subterrâneo dos corpos”: as relações, marcas e memórias que cada indivíduo periférico carrega e constrói diante do contexto em que vive ou sobrevive.

Destaque na cena da dança brasileira por ser o único grupo no país a trabalhar a dança através de uma pesquisa com botas de borracha, o Gumboot Dance Brasil convida o público para que, ao adentrar na África do século XIX, se conecte com as atuais desigualdades sociais com as quais convivemos.

Uma banda tocando ao vivo junto com treze bailarinos que cantam, dançam e realizam uma grande percussão corporal com batidas em suas botas de borracha, dão o tom de Subterrâneo, que faz referências à ancestralidade, à história e às memórias de um povo que, embaixo da terra, lutou por sua sobrevivência e por riquezas que jamais seriam dele. E faz um contraponto com o Brasil de hoje, onde, assim como nas minas, a população pobre trabalha em condições degradantes lutando pela sobrevivência, saciando os donos das riquezas, sem nunca enriquecer.

O Gumboot surgiu na África do Sul no século XIX, em uma época em que foram descobertas várias minas de ouro e de diamante. Muitos sul-africanos de etnias diferentes foram forçados pelos colonizadores Holandeses e Britânicos a trabalhar nessas minas, em condições degradantes, sem ao menos conseguir se comunicar por não falarem a mesma língua (a África do Sul tem cerca de onze línguas oficiais).

Subvertendo o meio ao qual estavam submetidos, eles inventaram um jeito de se comunicar sem precisar recorrer ao idioma falado. Descobriram que o batuque das botas, canto e gritos eram a solução para que pudessem se expressar.

O Gumboot é uma dança sul-africana em que os dançarinos utilizam botas de borracha para produzir sons enquanto executam coreografias batendo com os pés e com as mãos, produzindo uma comunicação potente e poética. O ritmo é marcado pela batida nas botas e pelas canções.

Segundo Rubens Oliveira, diretor do grupo e entusiasta dessa técnica – havia diversas simbologias que simplificavam essa comunicação como a “saudade da família”, o trem que os conduziam às minas e a própria iniciativa em se divertir por mais que estivessem em condições insalubres de trabalho. “A coerência de sons e ritmo foi amadurecendo e aos poucos transformaram a ‘comunicação das botas’ em dança”, sintetiza o bailarino.

O Gumboot Dance Brasil foi criado em 2008, a partir de Rubens que trabalhou com Antônio Nobrega, Inês Bogéa, Susana Mafra, Benjamin Taubkin e atuou por oito anos na Cia. Teatro Dança Ivaldo Bertazzo, onde conheceu o Gumboot por meio do grupo Kova Brothers, da África do Sul.

Interessado na pesquisa sobre Gumboot foi à África do Sul para intensificar sua pesquisa direto na fonte. No seu retorno ao país, formou o Grupo Gumboot Dance Brasil, que desde então tem passado por diversas cidades apresentando e ensinando a técnica.

O grupo possui dois espetáculos no repertório que foram criados em 2010 e 2013.

Em seu primeiro espetáculo, que contou com a participação da banda Afroelectro, buscou seguir os passos do Gumboot tradicional, genuíno, exatamente como aprendeu na África. Mas ao intensificar a pesquisa, se deu conta de que não precisaria se inspirar nas histórias dos mineradores da África do Sul para criar.

Com YEBO, segundo espetáculo criado, o grupo circula ha três anos, utilizando a própria história do Brasil para desenvolver e aprimorar a pesquisa a partir da movimentação do Gumboot. Pesquisa esta que foi se atualizando e se harmonizando de acordo com os corpos dos dançarinos, ficando cada vez mais consistente, criando parâmetros corporais próprios.

Graças ao histórico corporal de cada integrante e distintas formações, que transitam pela capoeira, balé clássico, dança indiana, breaking, dança contemporânea e teatro de rua, o que vai para o palco é uma dança mista, rica pela diversidade e expressões.

Sinopse

O espetáculo traça um paralelo entre a experiência dos mineiros africanos do século XIX e a sobrevivência da população negra e periférica das grandes metrópoles brasileiras nos dias de hoje. Suburbanos explorados cotidianamente, com suas memórias sendo soterradas e suas vozes abafadas por um regime de extermínio que avança sistematicamente. Como sobreviver? Como ressignificar o cenário e resgatar a humanidade dentro de uma estrutura tão repressora e historicamente violenta?

A voz que ecoa na caverna é a mesma que faz a travessia pelas ruas da cidade. As cores e a dores também são as mesmas. A motivação uma só: VIDA para ser celebrada com toda sua potência, originalidade, ancestralidade, memória e verdade. O manifesto: O corpo, a voz, o canto, dança e o coletivo forte e vivo.

FICHA TÉCNICA

Diretor e coreógrafo: Rubens Oliveira
Direção Musical: Lenna Bahule e Rubens Oliveira
Trilha Sonora Gravada: Lenna Bahule, Alysson Bruno e Rubens Oliveira
Roteiro: Naruna Costa e Rubens Oliveira
Dançarinos: Danilo Nonato, Diego Henrique, Fernando Ramos, Munique Mendes, Naruna Costa, Pâmela Ammy, Rafael Oliveira, Rubens Oliveira, Samira Marana, Silvana de Jesus e Washington Gabriel.
Músicos: Mauricio Oliveira (percussão e sax), Kiko Woiski (baixo) e Rodrigo Braganc (guitarra).
Figurino: Danilo Maganha
Cenário: Karen Furbino
Cenotécnicos: Alexandre Souza e Rager Luan
Pintura de Arte: Edna Nogueira
Design de Luz: Melissa Guimarães
Operação de Luz: Melissa Guimarães
Operação de Som: Felipe Atta
Assessoria de impressa e Comunicação: Luciana Gandelini
Assistente de produção: Washington Gabriel
Produção Geral: Kelson Barros [Cazumbá Produções Artísticas]

Duração: 60 min – Classificação: Livre
Onde: Sesc Consolação – R. Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque, São Paulo – SP– Telefone: (11) 3234-3000
Temporada: de 23 de março (estreia) a 01 de abril de 2018
23 e 24 de março (sexta e sábado) às 21h
25 de março (domingo) às 18h
29 e 31 de março (quinta e sábado) às 21h
01 de abril (domingo) 18h
Ingresso: R$ 12,00 (usuários do Sesc e comerciários) / R$ 20,00 (meia-entrada) / R$ 40,00 (inteira)
Os ingressos podem ser adquiridos na Bilheteria de qualquer unidade no SESC.
Informações: www.facebook.com/gumbootdancebrasil

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