.Por Vinícius Fonseca.

Denise Barbosa

O veganismo cresceu muito nos últimos anos, reflexo disso são as novas marcas que vem surgindo, apologia ao consumo de carne como num episódio da malhação, as opções que surgiram nos restaurantes. E outra novidade são pessoas que praticam exercícios intensos e mantêm o hábito vegano.

Isso mostra que o número de veganos está cada vez maior no Brasil. Os produtos agora são encontrados com mais facilidade e até com um preço mais acessível que anos atrás. Fora o número de eventos, feiras, palestras, que sempre estão acontecendo. Campinas mesmo é um grande exemplo disso.

A dieta sem carnes sempre teve adeptos na história, grandes pensadores tais como Gandhi, Buda, Leonardo da Vinci, Montaigne e Pitágoras escreveram obras a respeito das questões éticas do consumo de carne, assim como os benefícios físicos disso.

Mas o veganismo como manifestação cultural teve sua origem na Inglaterra, quando o marceneiro Donald Watson, se reuniu com mais cinco adeptos de uma alimentação vegetariana sem consumo de lactos. O resultado disso foi a criação de um novo termo que buscava se diferenciar do vegetarianismo por excluir também da dieta quaisquer alimentos com origem animal.

Já no Brasil teve seus adeptos por volta de 1914 com a publicação de “Proteção aos animais” do jornalista e poeta paraibano Carlos Dias Fernandes. Desde então o movimento tem crescido nos últimos anos, não existem dados específicos sobre o atual número de veganos no Brasil, mas segundo dados da Sociedade Brasileira Vegetariana, de 2012 a 2016 o termo vegano teve um aumento de 1000% de buscas no Google, isso mostra a proporção que o movimento está tomando.

Veganismo no dia a dia

O estilo de vida vegano não apresenta tantas dificuldades como é de senso comum, até mesmo para praticantes de atividades físicas regulares, ou até de alta intensidade conseguem conciliar sua alimentação as suas rotinas.

William Sandanielli

Willian Henrique Sandanielli, que possui uma alimentação lacto-vegetariano desde o 7 anos, conta que a transição para o veganismo o ajudou na musculação. “Quando comecei musculação, já era Lacto-vegetariano e a transição não atrapalhou, muito pelo contrário, melhorou, pois antes eu vivia praticamente a base de queijos, agora comecei a me alimentar melhor, com a inclusão de muito mais leguminosas como grão-de-bico, lentilha, soja, além das eventuais que já comia antes (feijão, tofu, amendoim, castanhas etc)”.

Para ele, o corpo necessita de proteínas, não de proteínas de origem animal. “Creio que não existe compensação, pois proteína animal não é o que de fato faz falta. O que faz falta é a proteína em si. E proteína é proteína, não importa a fonte”, afirma.

Na prática da musculação, sentiu que seu corpo se adaptou melhor, já que foi quando conseguiu seus melhores resultados. “Rendimento em si é algo muito complexo, pois dependem de vários fatores, além da alimentação. Mas sim, me senti melhor e foi quando consegui bater meu maior peso, e isso de massa muscular magra. Não somente nos treinos como também no cotidiano”, diz e continua: “e a rotina diária também melhorou, pois aprendi a me virar muito melhor na cozinha, e sempre preparar minhas refeições ou deixá-las prontas, pra todas as ocasiões”.

Denise Barbosa dos Santos já tem uma rotina mais intensa de treinamento, treina musculação, corrida e agora está se aventurando no crossfit. Denise conta que sempre pedalou muito, desde de adolescente sempre ia nos lugares de bicicleta e já era vegana nesse mesmo período. Depois de um tempo passou a se interessar mais por corrida, e passou a dedicar mais tempo no treinamento.

Denise conta que possui uma alimentação rica em proteínas, devido ao alto gasto calórico. “Para aumentar a quantidade de proteínas na alimentação, eu consumo muito tofu em patês temperados com ervas, hambúrgueres de grão-de-bico e cogumelos refogados ou em saladas”, relata.

Depois dos treinos, que é necessária um alto consumo de proteínas, Denise diz que costuma tomar um shake. “Devido ao alto gasto calórico, faço uma mistura das proteínas em pó de arroz, ervilha e soja com suco ou água. Durante as provas costumo levar biscoito de arroz e castanhas no bolso, o melado substitui bem o gel energético, e as barrinhas de cereais feitas em casa com frutas secas também ajudam”, conta.

Ela já concluiu uma maratona de 42k, e planeja bater seu recorde pessoal. “A primeira maratona que fiz foi em Florianópolis, esse ano farei uma em SP, a distância é a mesma, mas o percurso muda”, diz. Depois de ter participado de uma maratona, agora Denise se sente mais preparada para a próxima. “Aprendi a perceber os sinais do meu corpo durante a maratona, na primeira vez”.

Sobre os treinos comenta que nunca chega aos 42km. “Em nenhum treino conclui os 42km, no máximo 32km, e isso é proposital pois não devemos chegar no dia da prova cansada”, explica. Na próxima maratona, promete reduzir seu tempo de percurso. “Na primeira fiz em 4h e 12min, agora quero reduzir para menos que 4 horas”, diz.

Érica Mano

Erica Mano, que já é vegana há 2 anos é formada em Química, e deseja se especializar em nutrição vegana. Comenta que se for bem feita, a dieta vegana ajuda muito. “Ela não atrapalha a prática de exercícios, muito pelo contrário, se bem realizada, ajuda na disposição e nos resultados finais.

A única ressalva é que dietas veganas tem um maior teor de carboidrato, por isso, é preciso ter uma maior atenção no tipo de alimento que irá ingerir, para não aumentar drasticamente o consumo deste macronutriente”, alerta.

Outro tema de veganos é a vitamina B12. “A única vitamina que não conseguimos através de uma dieta vegana é a B12. Apesar de haver diversas controvérsias com relação a sua quantidade ideal no organismo, é importante fazer exames periódicos para verificar seus níveis. Além disso, como o ferro presente na carne é mais facilmente absorvido pelo organismo humano, é importante consumir vegetais e legumes ricos em ferro, junto com alimentos ricos em vitamina C, e evitar café após as refeições, pois ele diminui a absorção do ferro”.