.Por Luís Fernando Praga.

Cordeiros

Seremos golpeados tantas vezes
E por nós mesmos, o que é mais estranho,
Enquanto não deixarmos de ser rezes
Que pensam como o dono do rebanho…

Hora de ditadura

Por ora, é golpe de estado,
A gente de bem odeia,
O hoje é ultra passado,
A beleza está mais feia,
Justiça é um jogo de “sorte”
Praticado por granfinos.
Explorar pobre é esporte,
A morte badala os sinos,
Deus é o pai que reprime
Sérgio é o deus sem decoro.
Só liberaram o choro,
Ser feliz, por ora, é crime…

Vilões

Cristão, cego e egoísta,
Bajulador das elites,
Fiel à mídia golpista,
Sua “fé” não vê limites.
Marionete ignorante
De biltres e vigaristas,
Desde um passado distante,
A história é cheia de pistas.
Traidor de quem produz!
Capacho de quem convém!
Se Cristo morreu na cruz;
Culpa da gente de bem!

“Respeitável” público

Para cada prisão de um inocente
Uma esperança morre,
Um injusto se fortalece,
Todas as liberdades choram
E um idiota aplaude…

Justi FICANDO!

É um crime a liberdade,
É crime o conhecimento,
É justa a desigualdade,
A fome e o sofrimento.
É crime a autonomia,
É crime a pessoa nua,
É crime a cidadania
E dar de mamar na rua.
É justa a corrupção,
Com opressão e censura.
É crime a nossa união;
Justo, pra isso, é tortura!
É justo ser arbitrário,
No jogo que juiz joga.
É justo o super salário,
É justo o auxílio toga.
São justas as regras novas
E as malas de dinheiro.
Justo é condenar sem provas.
É crime ser brasileiro.
Justo é ser alienado,
Mas é crime ser barbudo.
É justo o golpe de estado,
Com o supremo e com tudo.
Não quero me adaptar
A essa nova justiça,
Se meu crime de pensar
Já é caso de puliça.
Criei meu justo destino
No foro da minha prosa,
No meu sonho clandestino
E na minha poesia criminosa!

*Golpista é como operador de telemarketing: não queremos, mas, cedo ou tarde, acabando tendo que nos comunicar com eles…*

À moda antiga

Antigo, mais que um tempo, é um estilo.
É a poeira que recobre os fatos.
É onde o passado reinará tranquilo,
Em meio a preconceitos e maus tratos.
Antigo é onde se escravizam gentes
É onde a velhice nasce antes da infância,
Onde os solos renegam as sementes,
Pra que só se cultive a ignorância.
Antigo é entregar nas mãos de deus
E odiar pessoas em seu nome.
Antigos são juízes fariseus,
Antigo é não amar, antigo é passar fome,
É a fé cega à frente do saber,
Antigo é ter mais dor que nostalgia.
Antigo é onde te obrigam a Temer…
Antigo, antigo mesmo, é hoje em dia!

Quanto é?
Essa justiça moderna
Há tempos não satisfaz.
Quebra justo a nossa perna!
Queima justo a nossa paz!
JUSTIÇA não se disputa,
Ela escuta, vê e vem.
Justiça, aqui, se diz puta
Do que tiver mais vintém.
Nossa moderna justiça,
Não sei, não gosta de mim:
Já me olha com preguiça,
Viro detento no fim…
Não que eu consiga pagar,
Mas preciso perguntar:
(Talvez, se vender um rim…)
Seu juiz, o quanto custa
A velha JUSTIÇA justa?

Resistir (Vivo II)

Perdi mais uma batalha
Meu sonho perdeu a cor
A ponte virou muralha
A esperança virou dor
Minha festa virou luto
Meu jogo perdeu a finta
Mas a espada com que luto…
Ainda tem tinta!