A capacidade intelectual de crianças de distinguir relatos imaginários de relatos reais é prejudicada pelo ensino religioso, revelou uma pesquisa publicada na revista internacional Cognitive Science.

De acordo com o estudo, crianças de famílias ligadas à religião têm mais dificuldade de separar fato da ficção.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores Kathleen H. Corriveau, da Boston University School of Education; Eva E. Chen, da The Hong Kong University of Science and Technology Division of Social Science, e Paul L. Harris, da Harvard University Graduate School of Education, analisaram 66 meninos e meninas com idades entre 5 e 6 anos, sendo que 33 frequentavam a escola paroquial e a outra metade frequentava escolas laicas.

Os pesquisados apresentaram para as crianças histórias religiosas com acontecimentos impossíveis de realização humana e também personagens em histórias fantásticas que incluíam eventos impossíveis de serem realizados na realidade, seja provocado pela magia (Estudo 1) ou sem referência à magia (Estudo 2).

As crianças de escolas laicas tiveram mais facilidade do que as crianças de escolas religiosas de entender que os personagens das histórias fantásticas e mágicas eram fictícios. Os pesquisadores concluíram que os resultados sugerem que a exposição a ideias religiosas tem um poderoso impacto na capacidade infantil para distinguir entre realidade e ficção, não apenas para histórias religiosas, mas também para histórias fantásticas e mágicas.

Algumas crianças das escolas religiosas chegaram a acreditar que animais falantes poderiam ser reais. Veja mais no artigo Judgments About Fact and Fiction by Children From Religious and Nonreligious Backgrounds   na página da revista científica Cognitive Sience)

Esta semana, o Supremo Tribunal Federal autorizou por 6 votos a 5, e contra parecer da Procuradoria-Geral da República, que as escolas públicas podem ter ensino confessional de uma única religião. Para especialistas em educação, a medida vai provocar desorganização e caos na gestão escolar. Até bispo evangélico se posicionou contra a medida do Supremo.