O político que se diz não-político, João Dória (PSDB), prefeito de São Paulo, é uma novidade interessante. Ele tem certa razão. É a vitória do marketing sobre a política.

Tudo no prefeito parece soar uma publicidade enganosa: é político, mas diz que não é político; é rico, mas ganhou a eleição fazendo propaganda de que é trabalhador de chão de fábrica; é empresário e se veste de gari. Dória é o caminho sem volta do PSDB.

Em pouco mais de 100 dias de governo, ele ensina como retirar recursos da população mais pobre e das crianças e adolescentes. Ele não gosta de vitimismo. Primeiro reduziu o transporte escolar de crianças e em seguida reduziu o leite de crianças e adolescentes. Depois cortou a farmácia dos mais pobres e moradores distantes.

João Dória faz um trabalho que tende a ajudar a busca de mão de obra para traficantes e criminosos nas periferias. Veja pesquisa que mostrou que em 20 anos, o PSDB em São Paulo espalhou a violência da capital para o interior. Agora deu mais uma contribuição: cortou projetos de educação cultural. Veja abaixo:

Dória reduz programas de formação cultural pela metade e exclui 4 mil crianças e jovens

Apesar de alegar que os programas de formação cultural da capital paulista seriam ampliados, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), reduziu pela metade o número de crianças, adolescentes e adultos atendidos pelo Programa de Iniciação Artística (PIÁ) e pelo Programa Vocacional. Foram abertas inscrições para 4.160 alunos em 2017, com 130 educadores contratados. Até o ano passado, último da gestão de Fernando Haddad (PT), eram 8.190 alunos e 336 profissionais. Estes trabalhadores foram todos demitidos, apesar de os editais de contratação deles preverem que seus projetos seriam de dois anos.

Além disso, os 46 Centros Educacionais Unificados (CEUs), que ficam nos bairros mais periféricos, foram excluídos do programa. Com isso, também cai pela metade o número de locais de execução. O motivo do corte é o congelamento de 43,5% do orçamento da Secretaria Municipal de Cultura, determinado por Doria no início da gestão. Para este ano, o orçamento municipal previa R$ 14 milhões para execução dos dois programas.

Na segunda-feira passada (27), trabalhadores da cultura e artistas realizaram uma manifestação contra o congelamento do orçamento da cultura. Eles construíram um monumento ao prefeito e ao secretário da Cultura, André Sturm: sete geladeiras foram fixadas em frente à sede da prefeitura, simbolizando o “iceberg” dos congelamentos da gestão. “Esse ato é poesia que se insurge contra o iceberg gigante que se tornou a prefeitura”, declamaram os manifestantes, em coro, enquanto projetavam imagens de uma geleira no prédio.

Entre os projetos e programas – muitos previstos em Lei Municipal – afetados pelo congelamento, estão os já citados PIÁ e Vocacional; os fomentos à dança e ao teatro das periferias, ao circo; Jovem Monitor Cultural; o Programa de Valorização das Iniciativas Culturais (VAI e VAI II); além da programação de atrações nos equipamentos públicos, tais como bibliotecas, centros culturais, Casas de Cultura e Centros Educacionais Unificados (CEUs).

No caso das bibliotecas, para as quais a atual gestão apresentou um projeto de revitalização, algumas propostas na verdade já existem, como os saraus de poesia nos espaços. A maior parte dessas ações é realizada nas periferias da capital, com crianças e jovens que não têm outras possibilidades de acesso à formação cultural.

Para o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Rudifran Pompeu, a suspensão de tantos programas, muitos dos quais realizados há anos, é um grave retrocesso na cultura da capital paulista. “Em nenhuma outra gestão ocorreu algo assim. Isso se aproxima de um desmanche total das conquistas de quase duas décadas. Se querem fazer uma gestão melhor do que a anterior, façam mais, mas não destruam o que está sendo feito”, disse o presidente da Cooperativa, na manifestação. “Queremos que se cumpra a lei”, completou. (Da RBA)