Por Julicristie Oliveira
Cheguei Vitória em uma sexta-feira. Fui para a hospedagem que encontrei pelo Airbnb. A Carolina, minha anfitriã, muito simpática, me convidou para um vinho e me apresentou uma amiga, a Paula, que depois se aventurou comigo por Vitória durante todo o final de semana.
Um dos meus planos era conhecer o galpão das paneleiras do bairro de goiabeiras. O ofício dessas mulheres é considerado patrimônio brasileiro e teve a salvaguarda registrada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) em 2002. Combinei com a Paula de irmos no sábado cedinho conhecer o galpão. O ofício é lindo. As paneleiras me explicaram como se faz as peças: onde se escolhe o barro, como se molda, queima e pinta. Tive dificuldade de escolher uma peça só, mas optei por uma tigela média. Trouxe um pedaço de Vitória para mim.
De goiabeiras, fomos conhecer o restaurante Mãe Divina, situado na Rua Domingos Leal, 200, Vila Velha, Grande Vitória. O prato do dia era quibe de quinoa, com recheio de creme de tofu, acompanhado de arroz com lentilha, cebola caramelizada, homus e salada. A comida estava maravilhosa.
O Mãe Divina é um dos melhores restaurantes veganos que conheci, sem dúvidas. O dia estava vagaroso e conseguimos ainda passar em uma feira de orgânicos onde comprei pão de milho não transgênico, além de feijão vermelho.
No domingo, fomos conhecer o restaurante Natural Sol da Terra, situado no Hortomercado, Rua Licínio dos Santos Conte, 51, onde há uma grande variedade de saladas e legumes assados. Primeiro me certifiquei se era tudo realmente vegano. Após a confirmação, experimentei uma espécie de panachê de legumes feito também com palmito fresco que me fez repetir o prato porque foi o melhor palmito que já provei.
Entre idas e vindas, ainda consegui andar de bicicleta pela orla de Vitória, conhecer as ilhas e suas praias de areias grossas.
No domingo à noite, fui circular nos restaurantes da Praia do Canto para achar a moqueca de banana da terra. Li umas histórias na internet que a preparação fora inventada de improviso para servir turistas vegetarianos. A moda pegou. Hoje em dia, é possível encontrar o prato em vários restaurantes da cidade.
Escolhi ir no restaurante Partido Alto, situado na Rua Joaquim Lírio, 865. Pedi a moqueca acompanhada de arroz e salada. Foi servida na panelinha de barro de goiabeiras. Aquele molho de tomate intenso continuou fervilhando na mesa ainda por muito tempo. Estava tudo delicioso. A moqueca capixaba é diferente da baiana, pois leva azeite doce (de oliva), cebola, tomate fresco, urucum e salsinha e cebolinha, uma receita com forte com influência indígena. Geralmente, é acompanhada por pirão, feito com cebola, tomate, urucum, farinha de mandioca e outros ingredientes.
É, vitória tem gosto de moqueca, moqueca vegana de banana da terra, cozida em panela de barro feita pelas mulheres-patrimônios.
Julicristie M. Oliveira tem doutorado em Nutrição em Saúde Pública, é professora do Curso de Nutrição da FCA/Unicamp e atua na área de Educação e Segurança Alimentar e Nutricional.