O Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou nesta quarta-feira (29) a proposta de emenda à Constituição (PEC) 395/14, que era mais uma medida elitista que dificultaria o acesso da população de baixa renda à educação superior.

A medida autorizaria universidades públicas e institutos federais, hoje totalmente gratuitos, a cobrar por cursos de extensão e pós-graduação lato sensu (especializações). A Unicamp, por exemplo, poderia começar a cobrar mensalidades na pós-graduação.

Foram 304 votos favoráveis e 139 contrários, mas eram necessários 308 votos “sim” para aprovar a proposta, que agora será arquivada. O deputado da região de Campinas, Luiz Lauro Filho (PSB) votou a favor da cobrança de mensalidade. Assim como os ligados a grupos evangélicos Paulo Freire (PR) e Roberto Alves (PRB). Carlos Sampaio (PSDB), não aparece na lista dos votantes.

Luiz Lauro também votou recentemente a favor da terceirização total do trabalho, o que coloca em risco as condições de vida do trabalhador.

Luiz Lauro Filho também votou contra a cota para mulheres na reforma política.

O texto tinha sido aprovado em primeiro turno em fevereiro de 2016, com 318 votos favoráveis e 129 contrários. A proposta autorizava a cobrança pelos cursos a critério de cada universidade. Pelo texto, programas de residência e formação de profissionais da área de ensino não poderiam ser cobrados.

Algumas universidades públicas já cobram por cursos de especialização, mas a cobrança foi questionada na Justiça com base no princípio constitucional da educação pública gratuita. A PEC tinha o objetivo de encerrar a disputa judicial para autorizar as universidades a cobrar pelos cursos de extensão e especialização.

O líder do Psol, deputado Glauber Braga (RJ), criticou a proposta por considerá-la o primeiro passo para o fim do ensino público gratuito. Ele lembrou que a secretária-executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, ligada ao PSDB, defendeu nesta semana a cobrança de mensalidades nas universidades e nos institutos federais.

“Uma PEC para flexibilizar o princípio de que educação pública tem de ser gratuita na mesma semana da fala da secretária-executiva do MEC, que dá a entender que a graduação pode passar por cobrança. Onde a gente vai parar?”, questionou. Para Glauber Braga, a proposta abriria um precedente para o fim da gratuidade também na graduação e na educação básica.

A líder do PCdoB, deputada Alice Portugal (BA), também avaliou que a ressalva aos cursos de pós-graduação poderia significar uma ruptura do sistema de ensino superior gratuito. “Estaríamos abrindo a janela da gratuidade. É temerário”, alertou.

Para o deputado Vicentinho Júnior (PR-TO), os alunos que precisam do ensino gratuito sairiam prejudicados caso a proposta fosse aprovada. “A PEC não faz bem à saúde da educação pública brasileira. A República não pode se esvaziar dos seus poderes, terceirizando para quem pode pagar por um curso”, afirmou. Alguns deputados do PT de São Paulo votaram pelo sim. (Agência Câmara e Carta Campinas)