As chaminés cor de terra
pelas quais não sai
nenhuma fumaça.

Nelas, o tímido sol estoura
por um vaporoso instante
no longo dia.

Discreto charme
daquela paisagem
de becos e bitucas de cigarro.

Não são as luzes,
nem mesmo a delicadeza
dos prédios com suas janelas brancas.

Não são as largas e
luxuosas avenidas,
os cafés com as mesas espreguiçadas.

Paris é uma constelação
de antigas chaminés
que não servem para nada.

Nesses telhados em grisalha
onde se deixa cair a neve ou o luar,
elas despontam.

Vivem depois de mortas
na cidade que ainda as guarda
feito um fantasma do tempo.

(Maura V.)