Lava Jato não tem saída: só resta se afundar cada dia mais na ‘absoluta parcialidade’

rovena-rosa-ag-brasilDurante dois anos, a Lava Jato mirou o PT e partidos aliados dos petistas para fazer investigações sem trégua.

A corrupção de partidos como o PSDB foram deixados de lado, apesar das inúmeras delações; do PMDB caminhou lentamente para dar um ar de imparcialidade.

E é por isso que os adversários do PT, com razão, glorificaram a Lava Jato. Inclui-se entre os adversários do PT a grande mídia, que também glorificou a Lava Jato para que pudesse derrubar uma presidente eleita por motivos que ficaram óbvios. Qualquer pessoa olhando de fora, vê essa situação.

O serviço foi feito e parece que Sérgio Moro está perdendo sua utilidade. Ah, mas ainda falta prender o ex-presidente Lula para completar o serviço. E aí tem um problema. Depois que prender o Lula, Moro vai servir para quê? Inevitavelmente deverá também perder o total apoio dos setores conservadores e corruptos. Moro ficará fora do prazo de validade e deverá ser esquecido ou anulado.

Quando o professor emérito da Unicamp, Rogério Cézar de Cerqueira Leite, fez um artigo na Folha de S. Paulo questionando a ‘absoluta parcialidade” do juiz Sérgio Moro, ele estabeleceu um ponto de curva da Lava Jato.

O juiz da Lava Jato não entendeu. Sentiu o baque e mandou uma resposta para o jornal aconselhando censura às críticas contra ele. Não percebeu o movimento que se anunciava. Ali, o próprio juiz deveria perceber o enrosco em que se meteu. Não porque apura a corrupção, mas por ter feito da Lava Jato uma justiça parcial, como bem anotou Cerqueira Leite.

Em seguida, Moro tentou balancear aceitando a prisão de Eduardo Cunha (PMDB), que tem talvez o maior currículo de evidências de corrupção. Mas isso só piorou a situação de Moro.

Em poucos dias, Sérgio Moro recebeu críticas de jornalistas tucanos que sempre o apoiaram e até de ministro do Supremo que sempre o apoiou. O que está acontecendo?

Sérgio Moro já deve ter percebido que não pode sair da linha, que foi um inocente (ou não) útil do sistema de corrupção ao mirar o PT.

Sérgio Moro foi menor. Não teve a capacidade, desde o início, de combater o sistema de corrupção, mirou apenas a corrupção de um partido político. Poderia ter sido grande.

E por que Sérgio Moro está em um beco de difícil saída?

Porque ele tem um único caminho: se afundar ainda mais na absoluta parcialidade contra o PT e ficar marcado como um juiz parcial para toda a sociedade, inclusive por aqueles que são adversários do PT.

Se tentar salvar sua moral e investir contra os grandes corruptos de partidos que hoje comandam o golpe e são aliados aos grupos de mídia, terá sua reputação defenestrada em algumas semanas.

No final das contas, parece inevitável que a Lava Jato ficará conhecida não como as ‘mãos limpas’ do Brasil, mas como Operação Mãos Sujas.


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