No novo depoimento, o garoto diz que o tiro que matou o menino de 10 foi disparado por um policial da Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas (Rocam) imediatamente após de o carro ter colidido e parar. Disse ainda que o mesmo policial que atirou o deitou no chão e deu um tapa no seu rosto. Segundo o relato do jovem, os policiais disseram ainda que seria morto caso não tivesse pai e mãe.
Segundo advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Direitos Humanos, a ação pode ser considerada uma execução, de acordo com o relato da criança no depoimento. “O principal é que não houve confronto no desfecho, no momento que o carro parou”, disse Ariel, que acompanhou o segundo depoimento.
De acordo com nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP), a criança morta e a outra, de 11 anos, teriam furtado um carro dentro da garagem de um condomínio na região do Morumbi. Policiais perceberam a ação e saíram em perseguição ao veículo, um Daihatsu Terios.
Pela versão policial, o menino foi baleado em confronto após ter atirado três vezes contra os policiais com uma arma calibre 38. Os primeiros dois tiros foram dados com o veículo ainda em movimento, antes de o carro bater contra um ônibus e, depois, contra um caminhão que estava estacionado, até perder o controle. Um terceiro tiro teria sido disparado pelo menor após as colisões. Vídeos de câmeras de segurança mostram o carro parado, desgovernado, e um policial se aproximando do veículo e atirando.
O garoto sobrevivente prestou dois depoimentos à polícia. No primeiro, acompanhado apenas pela mãe, ele disse que o outro menino atirou duas vezes contra os policiais e que, depois da batida do carro, disparou novamente, pouco antes de ser baleado e morto. (Agência Brasil – Bruno Bocchini)