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JBS, dona da Friboi, contratou anúncio para difamar Leonardo Sakamoto, diz Google

Depois de ser vítima de uma forte campanha de difamação – com um texto falso aparecendo no topo das buscas do Google como link patrocinado – o jornalista Leonardo Sakamoto entrou com uma ação na Justiça para descobrir quem estaria interessado em destruir sua reputação.

Em setembro, por determinação judicial, o Google informou que a empresa que contratou o anúncio foi a JBS, gigante do processamento de carnes, dona das marcas Friboi e Swift, que faturou, em 2014, R$ 12,9 bilhões. A empresa de serviços de internet não esclareceu, no entanto, quem pagou pelo link patrocinado.

O Google disse que seu contrato com o patrocinador do link prevê confidencialidade, o que lhe impede de informar quem realizou o pagamento pelo anúncio. Pelo mesmo motivo, o buscador não informou o tempo em que a página ofensiva foi exposta de forma privilegiada nem a quantidade de vezes que foi oferecida como primeiro resultado de busca.

Em outra etapa da investigação, a operadora GVT informou à Justiça que quase todos os IPs que operaram a contratação são da 4Buzz, uma empresa de Ribeirão Preto contratada pela JBS em 2015 para desmentir os boatos de que o filho do ex-presidente Lula é o dono da Friboi.

A JBS já foi alvo de reportagens de Sakamoto, em sua ONG Repórter Brasil, que tratavam de problemas trabalhistas e ambientais. Tanto a JBS quanto a 4Buzz negam que tenham contratado o serviço para promover conteúdo ofensivo contra o jornalista.

O link patrocinado “Leonardo Sakamoto Mente” aparecia como um dos principais resultados das buscas sempre que o internauta digitasse os termos “Sakamoto”, “Leonardo Sakamoto” ou “Blog do Sakamoto”. Ele levava ao texto “Sakamoto recebe mais de R$ 1 milhão para chamar opositores de mercenários, denuncia Luciano Ayan”.

O conteúdo ainda está no ar, hospedado em um site chamado FolhaPolítica.org, que tem 1,1 milhão de seguidores no Facebook e não tem nenhuma relação com o Grupo Folha. O Tijolaço resgatou um arquivo antigo em que o agora colunista da Folha, Kim Kataguiri, reclama de um vídeo do “nosso canal” que foi “censurado pelo Partido dos Trabalhadores”.

O vídeo exibe reportagem da FolhaPolítica contando sobre o ocorrido. Mas Kim parece se referir ao canal do Youtube Ficha Social e não à FolhaPolítica. Os dois trazem o mesmo tipo de conteúdo, mas não há elementos para confirmar que sejam geridos pelo mesmo grupo de pessoas.

O Jornal GGN buscou apurar em nome de quem está registrado o domínio folhapolítica.org. O contato de registro, administração e suporte técnico está protegido por termo de privacidade. O endereço de correspondência é de Queensland, Australia. O telefone para contatos leva a um atendimento eletrônico de uma empresa de registro de domínios na Dinamarca. A reportagem deixou recado, mas ainda não obteve resposta.

De qualquer forma, a página FolhaPolítica traz conteúdos desfavoráveis ao PT e muitas notícias falsas. O texto diz que a ONG Repórter Brasil recebeu “mais de R$ 1 milhão por ano para puxar o saco de Dilma” e que Sakamoto é quem fica “com a maior parte da bolada”, que a ONG “não desenvolve nenhuma atividade física”, mas “torra mais de R$ 1 milhão por ano do Ministério dos Direitos Humanos”

O texto, na verdade, distorce uma informação que aparece na própria prestação de contas da Repórter Brasil, onde consta um convênio com a Secretaria de Direitos Humanos para financiar uma parte do projeto Escravo Nem Pensar. O valor não chega nem perto do R$ 1 milhão alegado. Na verdade, a contribuição total da secretaria é de R$ 499 mil por três anos. Os financiadores principais são a Organização Internacional do Trabalho e outros órgãos internacionais, que compreendem a necessidade de prevenção contra o aliciamento de mão de obra escrava.

Segundo Sakamoto, a ação teve grande alcance e o colocou em risco. “Além das ameaças, passei a ser alvo mais constante de xingamentos e até agressões físicas”, disse. “Você está andando na rua, vem um desconhecido e dá uma ombrada; outro dia um carro pára e alguém xinga e cospe na sua direção; você vai a um restaurante, começam a circular fotos suas no local com insultos”, relatou.

A repercussão da notícia falsa chegou ao extremo de mobilizar o Ministério Público Federal, que abriu uma investigação e obrigou as representantes da ONG a apresentar os detalhes de suas atividades. Os investigadores perceberam que o próprio Ministério Público é um dos apoiadores oficiais do Escravo Nem Pensar e o caso foi arquivado. (GGN – Por Luiz de Queiroz, com informações do Tijolaço, e Com informações da Folha de S. Paulo)

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