Em tempos de ódio e divisão, como o que Brasil vive nos últimos dois ou três anos, talvez seja o momento de escutar a brasilidade sonora de Caê Rolfsen.
O nome parece de cantor estrangeiro, mas é bem brasileiro de Araraquara (SP). O disco Estação Sé, foi lançado há 4 anos, com uma canção que parecia prever a ascensão da extrema direita bolsonariana e seu ódio guardado no período lulista da pós-redemocratização.
A canção ‘Que nem a gente’ é uma espécie de hino ao sub-raciocínio humano, mas bem trabalhada de uma forma poética. Poderia ser um hino de reconciliação de um país assaltado pelo recalque de desejos inconfessos. Um hino contra a generalização de pensamentos que levam ao fascismo e ao nazismo. ‘Favelado não é tudo traficante/Milionário não é tudo prepotente/Maltrapilho não é tudo meliante/Elegante não é, necessariamente/Tudo competente’.
E expõe, ao fundo, a igualdade da miséria humana, bem relatada por Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas: ‘Todo mundo é meio assim/Que nem a gente/Tudo igual/Mas muito diferente’.
‘Que nem a gente’ é uma canção que se destaca no cenário brasileiro, mas há outras belas canções que percorrem a musicalidade de um único país, do norte ao sul, que é ao mesmo tempo igual e diferente.
O disco é uma síntese, uma estação, da qual se pode partir para novos sentimentos e entendimentos embalados em arranjos ricos, de sonoridades diversas. Destaque para a graça do trombone de Jaziel Gomes, em Terra em Trânsito, uma das referências ao cinema presentes no disco. (Glauco Cortez)
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Download do disco: Estação Sé
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