1014077-10112016-img_4520O discurso em defesa da ‘família’ dentro de uma residência, dentro de uma igreja ou entre amigos é bastante salutar, principalmente quando há conflito entre familiares, o que não é incomum desde Caim e Abel.

Mas quando um político diz que vota pela ‘família’, pelo filho, pela mãe etc, como nos votos que aprovaram a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), está indicando que a prática da corrupção não é problema.

A família pertence à esfera privada. Já a política pertence à esfera pública. Um político é eleito para defender a esfera pública, não a esfera privada como acontece com a corrupção.

O que é a corrupção? Nada mais do que a defesa da esfera privada dentro da esfera pública. De forma simples é a transferência de recursos financeiros ou outros benefícios da esfera pública para a esfera privada. Quando o benefício é um cargo para alguém da ‘família’, dá-se até um nome conhecido: nepotismo.

Ou seja, todo o político que defende a ‘família’ está defendendo a corrupção. Está usando a política em defesa da esfera privada. Ele não vê distinção entre a esfera pública e a esfera privada. Portanto, a corrupção não é problema, visto que beneficia essencialmente a própria ‘família’.

A ‘família’ é na verdade a grande beneficiária de todos os esquemas de corrupção. É para a família que vão quase todos os recursos desviados da corrupção.

É sintomático que algumas das contas de Eduardo Cunha na Suíça, segundo acusação do MPF, estejam em nomes da mulher e da filha. É a família, no fundo, a grande beneficiária da corrupção.

É por isso que o voto de Raquel Muniz é um símbolo da votação do impeachment de Dilma Rousseff.

É por isso também que os procuradores da Lava Jato ficam loucos atrás dos filhos do ex-presidente Lula. Eles sabem que, se existe corrupção, ela está na família.

E, antes de votar em quem defende a ‘família’, lembre-se que é com essa mesma palavra que os mafiosos se referem à sua organização.