De acordo com a pesquisa, as trabalhadoras remuneradas apresentaram melhor saúde mental e bem-estar do que as donas de casa. As donas de casa mostraram maiores prevalências de problemas emocionais: tal diferença é ainda maior entre as mulheres de renda baixa e é estatisticamente insignificante entre mulheres de renda alta. A pesquisa ainda correlaciona um baixo nível socioeconômico à pior qualidade de vida relacionada à saúde, em especial à saúde mental.
A pesquisa é o resultado de doutorado de Caroline Senicato, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, e discute como o tipo de inserção da mulher no mercado de trabalho e o seu papel central no núcleo familiar diferenciam-se dependendo do segmento socioeconômico a que pertencem e sua influência na saúde.
Segundo a autora, 55% das brasileiras com 16 anos ou mais exercem atividade remunerada e realizam tarefas de cuidado com a família e o domicílio, questionando a ideia de que as mulheres se ocupam do trabalho doméstico por não exercerem atividade remunerada.
O estudo traz dados sobre a jornada dupla das mulheres, conciliando o trabalho doméstico e o trabalho remunerado. Ainda, segundo a autora, 30% das mulheres são consideradas economicamente inativas, estando neste segmento as donas de casa. No entanto, a autora aponta que a rotina de afazeres domésticos das mesmas é de 34 horas de trabalho semanais em média, semelhante à jornada de muitos trabalhadores no mercado de trabalho. Mas mesmo assim, as donas de casa têm incipientes ou nulos direitos como trabalhadoras. (Glauco Cortez com informações de divulgação)