agencia unbA Lei de Cotas para estudantes que se declaram afrodescendentes nas universidades federais e que recentemente completou 3 anos já garantiu o ingresso de mais de 150 mil estudantes no ensino superior. O número ainda é mínimo, se comparado com aos mais de um milhão de alunos não negros que ingressaram nas instituições, no mesmo período. Das 38 universidades estaduais, 30 também já adotaram as cotas. A USP é uma das poucas que resistem a adotar o sistema.

“Você só disputa as vagas com pessoas que tiveram, mais ou menos, as mesmas condições que você. É uma disputa mais justa”, afirma Daniel Henrique Miguel, um dos 347 cotistas da Universidade Federal do ABC. Ele pretende ser engenheiro de gestão e preencheu a vaga como cotista por ser afrodescendente e ter estudado em escola pública.

Para Maria José Menezes, do Núcleo de Consciência Negra da USP, a Lei de Cotas é uma das ferramentas que “busca tornar a nossa sociedade, extremamente cheia de injustiças e exclusões, mais igualitária”. Ela afirma que o acesso ao ensino universitário é um direito.

“É um direito dessas populações terem o acesso ao conhecimento, por outro lado essas populações vão trazer os seus saberes e vão fazer com que essas instituições tenham uma riqueza muito maior”, diz Maria José.

Segundo o Núcleo de Consciência Negra, hoje na USP apenas 8% dos alunos são negros. “Se pensar que, em São Paulo, mais de 35% da população é negra e parda, isso é um descompasso muito grande. É uma falta de democracia muito violenta e muito escancarada”, conclui a militante. (RBA)