É triste a aflição do teu apelo e a dor que toma conta do teu ser, estúpidos não seguem teu modelo e cegos não enxergam teu sofrer. Minguaram o merlot pro teu filé e teus charmosos dias em Paris. Não se reclinam ante a tua fé e até o pobre sonha em ser feliz. Eu vejo que essa angústia te consome, que a tua estirpe é de uma elite fina, nas regras do teu jogo não há fome e teus filhos não morrem na chacina. Será que há só desgraça pelo ar? Será que é tudo teu em nossa casa? Eu não vejo justiça em destinar toda a sardinha só pra tua brasa. Eu vejo a crueldade de um sistema que todos nós fizemos prosperar, mas o rancor amargo do teu lema, não vejo como possa te salvar. Vinganças não habitam meu espaço, pra não dar corpo ao mal que me feriu, e os selvagens genes do meu traço se dão ao laço da doma gentil. Te ocupas desse ódio aos desafetos, num mundo lindo é fértil pro amor, e semeias, no mundo de teus netos, o germe dos espinhos, não da flor. O “não mudar” não é mais opção e não se muda nada indo pra trás, também não há de ser de armas na mão que alguém vai garantir a nossa paz. Já não há mais espaço pra ganância, já não se trata gente feito traste. Que o rolar da vida enfim desgaste as arestas cruéis da ignorância. O mundo novo não é utopia e cada éon é feito dos instantes, vivamos nosso mundo, dia a dia, em paralelo ao dos intolerantes.