mauro cateb CCQuatro empresários brasileiros são necessários para atingir a mesma produtividade de um empresário americano. O dado é do Conference Board, organização americana que reúne cerca de 1.200 empresas públicas e privadas de 60 países e pesquisadores.

Você pode ter lido uma notícia parecida colocando a culpa da falta de produtividade no trabalhador brasileiro. Mas é preciso ter cautela não só porque essa pesquisa é divulgada por uma organização de empresários, mas também porque qualquer pião de fábrica sabe que trabalhador não apita nada dentro de quase 100% das empresas do mundo.

Como colocar a culpa da produtividade no trabalhador se são os empresários ou os executivos que contratam os trabalhadores, investem em máquinas e equipamentos e decidem o modelo de gestão? Ou será que o passageiro também é culpado pela velocidade do trem?

Alguns analistas de primeira viagem podem dizer que é culpa do nível de estudo do brasileiro, por exemplo, que é menor do que em outros países. Mas veja, isso é uma média. Uma empresa, se quiser, pode contratar só doutores para trabalhar. Aliás, há inúmeros doutores em busca de emprego no Brasil.

Além disso, são poucos os empresários que de forma organizada lutam politicamente para melhorar o nível educacional do brasileiro. E é inegável que se a maioria dos empresários brasileiros se empenhar na cobrança da qualidade da educação, a realidade muda em uma década. Ou será que o pião de fábrica tem mais força política que os empresários e entidades patronais para melhorar a educação? Portanto, a culpa do nível educacional do brasileiro ser baixo é em grande parte dos próprios empresários, que chegam a bater panelas porque meia dúzia de pobres estão entrando na faculdade.

Outro aspecto que aponta para a baixa produtividade dos empresários brasileiros é também o baixo investimento no treinamento dos seus funcionários. Por ano, um norte-americano recebe entre 120 a 140 horas de treinamento ou qualificação, quatro vezes mais que um brasileiro, que recebe apenas 30 horas por ano.

Mas a corda do discurso sempre arrebenta na semântica do mais fraco.