todos a bordo

Nós precisamos de te ter, pensando,

E da tua vontade de mudar,

Seremos pássaros do mesmo bando,

E o planeta inteiro o nosso lar,

 

Nós dependemos da tua coragem,

Dessa indignação que te consome,

E que tu ajas como os justos agem,

Que o futuro se orgulhe do teu nome.

 

Nós não queremos que tragas dinheiro,

Nem esse ódio infértil que corrói,

Esse medo que exalas no teu cheiro,

Nem essa prepotência que nos dói.

 

Não precisamos das tuas certezas,

Porque não vales mais do que ninguém,

E os teus olhos de não ver beleza,

Misturam treva à luz que a gente tem.

 

Nós te queremos simples, imperfeito,

Cada qual erra à sua maneira,

Mas esse lamentável preconceito,

Antes de vir, despeje na lixeira.

 

Caminha leve pelo o nosso ar,

Pelo equilíbrio dessa nossa teia,

Longe da ditadura militar,

E sem jogar crianças na cadeia.

 

Venha despido da intolerância,

E da ganância de querer ter mais,

A espécie humana vive a sua infância,

Mas já sabemos que queremos paz.

 

A maior violência é a opressão,

O pior retrocesso é crer na guerra,

Se matam, a polícia e o ladrão,

E o sangue humano escorre pela Terra.

 

Não teme que mudar não seja o certo,

E segue a paz da tua consciência,

O mundo, hoje, não está nem perto,

De ser um bom modelo de vivência.

 

Aceita os acordes dissonantes,

E nasce novo a cada amanhecer,

Só não te curves aos intolerantes,

Que vivem de privar-nos de viver.

 

Enterra fundo a tua hipocrisia,

Porque ninguém nasceu pra ser perfeito,

Nas diferenças vive a poesia,

Que aguarda pelo amor que tens no peito.

 

O mundo novo é cada passo dado,

Sem armas, sem vontade de ofender,

O pior cego é o que só vê um lado,

E o pior vício é não querer crescer.

 

Qualquer pessoa tem direito à vida,

E a crer em coisas que você não crê,

A esperança nunca foi perdida,

Novos tempos dependem de você!

 

Olha que maravilha essas mãos dadas,

E os sorrisos da gente que sofria,

Depois de eras tão equivocadas,

Viver no amor não é mais utopia!