Um estudo do economista Róber Iturriet Avila, pesquisador da Fundação de Economia e Estatística (FEE) e professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, publicado pelo site Brasil Debate, mostra que 8,1% dos brasileiros são donos de 87,4% da riqueza do Brasil. Destes, 0,21% dos brasileiros detém 40,8% da riqueza (veja imagem)

Brasil Debate
Concentração de riqueza e o pesquisador Róber Ávila

O levantamento foi feito com base nos dados do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física). A pesquisa também mostra que a estrutura tributária brasileira continua dando a sua contribuição para a desigualdade social, bem diferente de países capitalistas mais avançados.

O pesquisador ressalta que os que estão no topo da pirâmide social obtêm seus rendimentos, sobretudo, do capital (ou seja, são donos de empresas). Mas se sabe que a estrutura tributária brasileira está centrada no consumo. Em 2012, 49,73% da arrecadação adveio dos bens e serviços, 17,84% da renda, 3,85% da propriedade, 26,53% da folha de salários e 2,04% de outros meios.

Ou seja, as duas maiores cobranças de impostos no Brasil está sobre o consumo e sobre o empregado assalariado. Muito diferente de países mais avançados economicamente. Enquanto no Brasil, a cobrança de imposto sobre herança é de 3,83%, no Reino Unido, a alíquota é de 40%; na França 32,5%; nos Estados Unidos 29%; na Alemanha 28,5% na Suíça 25%; no Japão 24% e no Chile 13,00%.

Além de praticamente não pagar impostos de herança como em outros países, os mais ricos do Brasil também não pagam impostos de ganhos de rendimento de capital, ou seja os lucros recebidos de empresas. “Na Dinamarca (o imposto) é de 42%, na França de 38,5%, no Canadá de 31,7%, na Alemanha é de 26,4%, na Bélgica é de 25%, nos Estados Unidos de 21,2% e na Turquia 17,5%. Já no Brasil, os dividendos são isentos de imposto de renda, a alíquota é 0,00%”, compara Ávila.

Os dados brasileiros, diz o pesquisador, não são precisos como em outros países. Isso dificulta chegar aos 0,01% mais ricos do país, que normalmente são usados por economistas para mostrar a máxima concentração de renda. “Uma das referências quantitativas importantes na literatura é a participação dos 0,01% mais ricos. Esse corte analítico não é possível de ser realizado, embora seu conhecimento desnudasse o patrimônio dos 19.500 indivíduos mais ricos do País”, anota.