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Eu entendo o que eu sinto?

 

Saber reconhecer se estamos com raiva, com sono, com fome ou amando…
Parecem coisas bastante distintas. Mas esse tipo de confusão é muito mais comum do que se acredita.
O que aprendemos na primeira infância inevitavelmente refletirá pelo restante de nossa vida. Inevitavelmente.
E muitas vezes, mesmo com a melhor das intenções, nossos pais podem complicar um pouquinho as coisas. Ainda que sejam com as melhores das intenções, reforço.
A maturidade nos traz, entre outras coisas, uma maior e melhor percepção de quem somos, de quem não somos, do que queremos e dos nosso sentimentos.
Ou…
Das sensações que achamos que temos ou deveríamos estar tendo.

Não reconhecemos nossos próprios sentimentos.
Fingimos que eles não existem ou que não fazem parte de nós.
Somos ensinados que há sentimentos certos e sentimentos errados. E o que nos foi passado como errados como a raiva, o ódio ou a inveja, devem ser imediatamente eliminados ou transformados em outra coisa, como fome exagerada, por exemplo.
Alguns aprendem até mesmo que o amor é um sentimento ruim já que sempre trará algum momento de dor.

Mas há outro problema além dessa confusão sobre o que se sente. O filtro que deveria separar esses sentimentos vem com defeito. No momento em que aprendemos que certos sentimentos não devem ser sentidos, confundimos todos os outros junto. Uma paixão, que pode causar as mesmas sensações de inquietude e desconforto que uma raiva, pode ser entendida inconscientemente como algo a ser eliminado. Ou também convertido em outra coisa, como apatia.
Poucas são as pessoas que tiveram a sorte de terem sido ensinadas que todos, absolutamente todos os sentimentos são normais, sendo essa a lição mais importante. A lição seguinte deveria ser o que fazer com os sentimentos, principalmente os “ruins” – como lidar com eles, como externá-los, porque estão sentindo isso e como apaziguá-los ou reforçá-los.

Crianças sentem! Elas não apenas aprendem a encaixar peças no buraco certo, elas tem sentimentos e precisam de ajuda para aprender sobre isso tanto quanto precisam de ajuda para aprender a ler ou escrever. E essa poda dos sentimentos – sentir raiva é feio, você não pode sentir inveja, está triste à toa, engole esse choro! – farão delas adultos que não conseguem realmente reconhecer o que sentem. E se não reconhecem, não terão como expressá-los de forma apropriada. E não reconhecendo nem expressando, torna-se praticamente impossível lidar com eles.
Reprimir os sentimentos causa grandes dores nas pessoas.

Partindo do pressuposto de que todos os sentimentos são normais, o que difere um de outro é a carga emocional que damos a eles.
Não é justo passar uma vida confundindo fome com saudade. Ou raiva com auto depreciação. Ou negando que se sente rancor ou amor.

E se quando somos crianças, o reconhecimento dos nossos sentimentos é muitas vezes bloqueado, quando somos adultos, os conselhos nos limitam a expressá-los.
Reconhecer é entender e aceitar o que sentimos.
Expressar, é permitir que o outro saiba.

Negar tanto uma coisa quanto a outra é a chave para quebrar a conexão entre as pessoas.
É preciso se permitir sentir e é fundamental deixar que o outro tenha a oportunidade de saber, ainda que isso tenha consequências talvez não tão boas e talvez não tão correspondidas.

Isso se chama honestidade emocional e é essa honestidade que nos dá liberdade para transformar qualquer verdadeiro sentimento em boas ou más experiências, em incentivo para seguir em frente ou perceber que é a hora de parar.

Agora eu pergunto: você é capaz de reconhecer verdadeiramente o que você sente?

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