Em artigo no site Carta Maior, o colunista Daniel Quoist narra todas as ações que levaram o deputado federal de Campinas, Carlos Sampaio (PSDB) a ser considerado por Jânio de Freitas, da Folha de S. Paulo, “aspirante à perda do senso de ridículo”.

Carlos Sampaio
Carlos Sampaio: vai que cola…

Mesmo depois do artigo de Freitas, o deputado não parou e produziu trapalhadas e novas investidas jurídicas “ridículas”, como anotou Jânio de Freitas.

Assim como um personagem do programa de humor do Sbt, A Praça é Nossa, Sampaio deve pensar: “Mas…vai que cola….”
Veja artigo abaixo de Daniel Quoist:

Aécio, alguma dessas denúncias contra a Dilma e o PT devem colar

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) vem se firmando como o mais atuante articulador da campanha de Aecio Neves à presidência da República. Equilibrando-se entre o típico político que deseja a todo custo se firmar na cena política nacional e o devotado militante que deseja, também a todo custo, mostrar serviço a quem lhe empossou no cargo de coordenador jurídico nacional da campanha tucana, o deputado Sampaio parece ter perdido qualquer resquício de bom senso, aí incluído, o importante senso de ridículo.

O aspirante à perda do senso de ridículo – segundo o veterano colega Jânio de Freitas o deputado paulista tem tomado iniciativas “pouco sérias” e “ridículas” – vem se notabilizando por protagonizar verdadeiro festival de tiros n´água, e sempre a bem poucos metros do próprio pé e graciosos respingos sobre seus graduados correligionários.

Algumas de suas hilariantes investidas, por ele consideradas jurídicas, parecem surto de sarampo enfermando o corpo da PGR (Procuradoria Geral da República) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). No fundo, o objetivo é bem menos nobre: além de tentar criar mídia favorável ao PSDB busca dar projeção ao seu “jeito jurídico” de fazer política:

1. Protocolou na PGR representação que acusa a presidenta Dilma Rousseff de improbidade administrativa por enviar cartões de Natal aos servidores públicos. Não seria o caso de o esforçado tucano paulista aproveitar para acionar governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores que certamente também, independente da afiliação partidária, têm o hábito de enviar cartões de boas festas e feliz ano novo sempre que adentra o mês de dezembro?

2. Protocolar uma representação contra Dilma Rousseff na Comissão de Ética da Presidência da República e na PGR pela polêmica escala da comitiva brasileira em Lisboa, na volta da viagem a Davos. Desinformado, poderia ter se poupado da trapalhada, afinal, não cabe à Comissão de Ética apurar a conduta da presidenta da República.

3. Protocolou na Procuradoria Geral da República (PGR) representação contra o então ministro da Saúde Alexandre Padilha por convocar cadeia de rádio e televisão para divulgar a campanha nacional contra o HPV. Novamente desinformado sobre algumas atribuições do ministério da Saúde, deveria saber que é comum e corriqueiro que este ministério tome tais ações para divulgar qualquer campanha de saúde, seja vacinação, epidemia, endemia ou correlatas.

4. Protocolou na PGR pedido de apuração de supostos crimes de apologia a crime de lavagem de dinheiro no processo de arrecadação de doações para petistas condenados na AP-470. Destituído do conhecimento comezinho que a solidariedade é um dos traços marcantes do povo brasileiro, quis criminalizar a solidariedade demonstrada por milhares de pessoas que consideram absolutamente político e injusto a forma como o Supremo Tribunal Federal julgou a AP-470 que condenou dentre outros lideranças históricas do Partido dos Trabalhadores José Dirceu e José Genoíno.

5. Alardeou que fará representação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para questionar o encontro entre a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula ocorrido no Palácio da Alvorada no último 5 de fevereiro. Alega que este se deu em pleno horário de expediente. Somente má fé pode levar um político a fazer tal questionamento: se a Presidenta pode receber em horário de expediente ou não, em sua residência oficial – que é exatamente o Palácio da Alvorada – um vereador de Quixeramobim ou um cidadão de Ribeira do Pombal, porque estaria impedida de receber um cidadão que além de ser fundador de seu partido político, exerceu o cargo máximo de presidente da República por dois mandatos consecutivos e ainda, de quebra, elegeu seu sucessor?
PS: O ministro Admar Gonzaga, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rejeitou nesta segunda-feira (10/3) pedido de liminar do PSDB para multar a presidenta Dilma Rousseff pelo encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do PT, no Palácio da Alvorada, quinta-feira passada (5/3).

6. Protocolou questionamento se o PT não estaria fazendo apologia de crime ao fazer ato de desagravo realizado em Brasília durante o 5º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores. A falta de tirocínio político do deputado tucano parece ser inferior à altura de uma gilete deitada. Se um partido político considera o julgamento de seus líderes eivados de meias verdades, veladas injustiças, mau uso de uma controvertida teoria do domínio do fato e conduzido de forma truculenta e intimidatória aos ministros do próprio Supremo que ousaram desafiar aqueles poços de sapiência e infalibilidade representados pro Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes e Luiz Fux, porque deixar de fazer o desagravo no momento e ambiente adequados?

Será intenção também do esforçado coordenador jurídico nacional da campanha aecista ingressar com representação contra juristas renomados como Dalmo de Abreu Dallari, Bandeira de Mello ou Wadih Damous? Poderia também ingressar com ações nas cortes internacionais de justiça contra o jurista alemão formulador da “teoria do domínio de fato” que teve a petulância de afirmar que sua teoria não se aplica ao chamado processo do mensalão e também contra conceituado jurista português, muito citado por ministros do STF, que também considerou a AP-470 nada mais que um julgamento político e cheio de brechas.

Paremos por aqui, porque até tinta e papel devem ter uso moderado quando se trata de relatar episódios apenas risíveis e sem qualquer importância prática salvo o habitual barulho na imprensa amiga.

Concluamos com os resultados de um exercício mental oferecendo sugestões para novas iniciativas jurídicas de Carlos Sampaio contra o PT, a presidenta Dilma, seus ministros, o ex-presidente Lula e demais lideranças dos trabalhadores:

1. Acionar o STF por pressentir através da imprensa que o presidente do próprio STF Joaquim Barbosa pretende concorrer a cargo político nas próximas eleições majoritárias sem ao menos passar por um saudável e ético período de ‘quarentena’. Observa o imbatível parlamentar cioso dos bons costumes políticos que devem permear o Brasil que foi este ministro que, agindo como justiceiro fez tudo ao seu alcance – inclusive engendrar e conseguir aprovação para a disparatada pena de formação de quadrilha – para colocar nas grades líderes históricos do partido, além de ter tomando decisões monocráticas e altamente questionáveis com o claro intuito de criar o show midiático há muito aguardado pela mídia tradicional

2. Acionar o Ministério Público para investigar a Assembleia Legislativa de São Paulo que tem sido contumaz em bloquear dezenas de CPIs que visavam investigar os mais clamorosos indícios de pesada corrupção envolvendo os trens paulistanos e que remontam ainda ao governo Mario Covas

3. Acionar o papa Bento XVI, que descalço de seu sapatinho prada cor carmim, opinará em tempo hábil, punindo, se Deus aparecer para ele, a malfeitora gastatriz que investida do cargo de presidenta do Brasil deixou de se hospedar no belo palácio onde funciona a embaixada brasileira em Roma, simplesmente porque o embaixador não se encontrava no país.

4. Acionar a PGR para levar às últimas consequências investigações dos motivos que levaram a presidenta Dilma Rousseff a mostrar comprovantes de que ela mesma é quem pagou a conta de sua refeição em restaurante lisboeta e que, deixou o país mal por não incluir os regulamentares 10% de gorjeta para os garçons

5. Acionar a PGR contra o Partido dos Trabalhadores por se apropriar da cor vermelha, a mesma cor tradicionalmente usada pelo bom velhinho conhecido como Papai Noel e que costuma presentear crianças durante o ciclo natalino

6. Acionar o TSE contra a presidenta Dilma Rousseff por fazer descarada propaganda política quando, em horário de expediente, seja no Planalto ou no Alvorada, insiste em pintar as unhas com esmalte do mais brilhante encarnado

7. Acionar a PGR para investigar porque a presidenta Dilma Rousseff não se alimenta com os suculentos sanduíches do McDonalds enquanto participa de eventos internacionais em Davos, Paris, Lisboa, Roma, de tal forma a não se locupletar com as benesses que o cargo possa lhe oferecer

8. Acionar o TSE contra a presidenta Dilma Rousseff por insistir em usar um surrado blazer vermelho enquanto despacha no Palácio do Planalto ou tira férias no interior da Bahia, fazendo apologia da cor do PT e antecipando em muito a campanha eleitoral

9. Acionar o STF por passar mais de 10 anos sem dar andamento ao julgamento do mensalão tucano, embora este tenha gerado a criança chamada “valerioduto” e dado origem ao mensalão petista

10. Acionar o TSE para descobrir a afiliação partidária dos compositores mineiros Alfredo Jackson, Joilson Cachaça e Thiago Dibeto. Fundamentar que o trio compôs a marchinha de carnaval “O baile do pó Royal” e foi campeã do renomado Concurso de Marchinhas do Mestre Jonas. Investigar quem pagou o prêmio de R$ 3.000,00 para a marchinha que tem a seguinte letra, cheia de duplos e triplos sentidos: “Deixaram o Pó Royal cair no chão/ em pleno baile de carnaval/ achei que ia rolar a confusão/ mas a turma achou legal./ O pó chegou voando no salão/ que farra sensacional/ deu até notícia na televisão/ virou Baile do Pó Royal./ O pó rela no pé/ o pé rela no pó/ O pó rela no pé/ o pé rela no pó/ Esse pó é de quem tô pesando?/ Ah é sim, ah é sim/ Você sabe eu também sei cor/ Ah é sim, ah é sim/ Não espalha que vai ser melhor.”

Vamos ver se alguma delas cola? (Carta Maior)