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Exclusivo: Secretário de Cultura defende projeto polêmico do teatro de ópera

O secretario de Cultura de Campinas, Ney Carrasco, defendeu em entrevista exclusiva ao Carta Campinas o polêmico projeto do prefeito Jonas Donizette (PSB) em parceria com o governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de construir um teatro de ópera no valor de R$ 80 milhões (iniciais) entre os bairros de maior poder aquisitivo da cidade.

O teatro de ópera é o espaço para apresentação de espetáculos artísticos mais sofisticado em termos de estrutura e equipamentos, isso porque ele é um teatro com caixa cênica completa, com fosso de palco e fosso de orquestra. O teatro deve ser construído na área do Parque Ecológico, próximo aos bairros Gramado, Nova Campinas, Jardim das Paineiras e outros habitados pela elite de Campinas.

Para o secretário, a população precisa do teatro sofisticado porque tem de se deslocar para Paulínia ou para São Paulo para assistir a um evento (musical, óperas, etc) que necessita de toda essa infraestrutura. Sobre o local da construção, afirma que não será construído nas áreas mais carentes da cidade, por exemplo nos Dics  porque, ainda de acordo com o secretário, ninguém usaria, nem a população de lá e nem a população das regiões mais ricas. Apesar do grande investimento, Carrasco se diz satisfeito se o teatro receber uma única apresentação de ópera por ano.

Secretário de Cultura de Campinas, Ney Carrasco

Ao todo, foram gravados nove vídeos para a TV Carta Campinas. Ele explicou como surgiu a ideia do teatro, ainda durante a campanha de Jonas Donizette(PSB) à prefeitura de Campinas, e que a oferta do dinheiro feita pelo governador do Estado, Geraldo Alckmin, para a construção do teatro tinha um destino inquestionável. “O que nós tivemos foi uma oferta do estado para construir um teatro de grande porte. Ou nós pegávamos esse dinheiro ou não pegávamos”.

Carrasco também diz que está recebendo muitas críticas e questionamentos principalmente sobre o investimento na construção de um teatro de primeiro mundo para a população privilegiada da cidade em detrimento de ações de primeiro mundo nas regiões mais carentes da cidade. Para ele, já há muitas ações nas áreas mais pobres da cidade. O secretário acredita que deve investir mais, mas diz que esses investimentos devem ser de médio e longo prazo.

No entanto, com o valor de R$ 80 milhões do teatro de ópera seria possível construir cerca de 80 equipamentos culturais (com salas para o ensino e a prática de dança, música, teatro, opereta e ópera) no valor de R$ 1 milhão (a unidade) espalhados por toda a cidade. Esses espaços poderiam estar interligados às 90 escolas públicas da cidade.  Dessa forma, praticamente todas teriam, com a contratação de professores para essas atividades artísticas, um padrão de primeiro mundo (“um padrão Fifa”). Assim, o conhecimento sobre Florença do final do século XVI, ou  Dafne, de Jacopo Peri, assim como Orfeu e A Coroação de Pompeia de Monteverdi e toda sua história estariam no cotidiano dos jovens.

Isso poderia transformar a formação cultural da população, mas como afirma o secretário de cultura, o dinheiro veio direcionado pelo governo de Geraldo Alckmin. Além disso, Carrasco diz que não faz sentido construir 80 teatros ou espaços de formação cultural em diferentes regiões de Campinas porque não seriam ocupados.

Enquanto mais um teatro é construído na região central da cidade, o bairro de Barão Geraldo, por exemplo, que concentra grande número de grupos de teatro, alguns reconhecidos nacional e internacionalmente, não tem um único teatro. Os grupos se apresentam em espaços improvisados construídos nas próprias salas de ensaio. (Carta Campinas)

Veja o primeiro vídeo, em que o secretário de Cultura explica como surgiu a ideia do Teatro de Ópera:

Veja as outras partes da entrevista:

Secretário de Cultura reconhece a necessidade de investir mais nos bairros carentes

“Tem que respeitar a população, o teatro está aqui, você vem se quiser”, diz secretário de Cultura

“É possível que o teatro passe um ano sem ter uma ópera, espero que não”, diz Secretário

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