Em São Paulo – Como o livro coloca a arte à prova e como a arte põe o livro à prova? A mostra Tarefas Infinitas, que pode ser vista até o dia 27 de outubro no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP e na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP, propõe uma reflexão sobre o tema, remetendo para o diálogo infinito que a arte e o livro travam há séculos.

Sua primeira versão aconteceu no ano de 2012 na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com curadoria do professor, ensaísta, curador e presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte de Portugal, Paulo Pires do Vale.

O ponto de partida foram as coleções do Museu Calouste Gulbenkian e da Biblioteca de Arte, instituições perpetuadoras da tarefa de colecionador do seu fundador, o empresário e filantropo de origem armênia, Calouste Sarkis Gulbenkian (1869-1955) que, no decorrer de sua vida, procurou, investigou e adquiriu obras de arte e livros excepcionais, quer pelo seu conteúdo informativo, bem como pela sua beleza e criatividade artística. Em 2015, a mostra ganhou uma versão francesa, exibida em Paris.

Tarefas Infinitas não se limita a uma discussão sobre livros, mas sobre obras de arte nas quais o livro teve presença decisiva, com uma intenção: a de investigar o que um livro é e do que ele é capaz. O título da exposição utiliza o conceito cunhado por Edmund Husserl na conferência Die Krisis des europäischen Menschentums und die Philosophie (A crise da humanidade europeia e a filosofia), proferida em maio de 1935, para definir a humanidade depois do início da filosofia.

Na exposição, o livro é mostrado enquanto laboratório de experiências estéticas e artísticas, interrogando e alargando também a concepção segura e tradicional de livro: será este objeto ainda um livro? Será uma obra de arte? Para a atual itinerância, a curadoria buscou manter o sentido original da exposição, ampliando seu recorte, relacionando-o com acervo de semelhante valor cultural ao acervo da Fundação Gulbenkian, mas agora dialogando com a cultura e arte brasileira.

Mais do que uma exposição, Tarefas Infinitas constituiu-se também como um projeto. A contextualização do recorte original e o reconhecimento da importância de uma exposição-ensaio num momento de explosão produtiva na área de publicações fizeram com que a curadora brasileira Rosely Nakagawa, junto ao curador Paulo Pires do Vale, Beatriz Matuck e Lucia Loeb, estabelecessem um núcleo de reflexão sobre temas que surgiram durante as pesquisas e que seriam fundamentais que acontecessem num momento anterior à mostra.

A exposição apresenta cinco núcleos temáticos como fragmentos potenciais para a compreensão do que é o livro (ou o que somos quando confrontamos um livro – o que se abre na frente de nós/em si). Um curso possível entre outros. Envolvido. Que aceita contradições e becos sem saída como essenciais. Onde, com a obscuridade necessária (é a luz que os livros procuram?), a questão do que é um livro ou o que ele pode ser torna-se mais clara:

1) Uma fenda no mundo
2) A explosão e a linha infinita
3) O fogo e o livro por vir
4) Tudo existe para fazer parte de um livro
5) O leitor, a biblioteca, o universo

Mais informações AQUI. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Tarefas Infinitas
De 8 de Agosto a 27 de Outubro
Segunda a Sexta das 10h às 21h30
Sábados, das 10h às 18h
Grátis