Um novo equipamento, que permite a emissão conjugada de laser e ultrassom terapêutico, tem reduzido consideravelmente a dor de pacientes com fibromialgia, segundo pesquisadores brasileiros ligados ao Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da USP.

A fibromialgia é uma dor crônica muscular que pode ser presente no corpo todo. Mas há também a dor muscular localizada (no caso das Lesões por Esforços Repetitivos (LER/Dort), muitas vezes geradas pelo excesso de trabalho ou tensão. Veja um outro estudo que relaciona os dois tipos de fibromialgia neste link. 

A fibromialgia atinge de 3% a 10% da população mundial, tendo maior ocorrência em mulheres. Apesar das dores constantes em quase todo o corpo, os pacientes não apresentam lesão, inflamação ou degeneração dos tecidos. A doença também está envolta em outros dois mistérios: ainda não se sabe a causa e muito menos a cura para ela.

Segundo a pesquisa com laser e ultrassom, feita em pacientes com dores no corpo todo, a aplicação nas palmas das mãos dos pacientes, e não nos pontos de dor espalhados pelo corpo, está apresentando maior ação analgésica e anti-inflamatória. Como consequência da redução da dor, os pacientes tiveram também melhora no sono, na capacidade de executar tarefas cotidianas e na qualidade de vida como um todo.

“São duas inovações no mesmo estudo: o equipamento e o protocolo de tratamento. Ao fazer a emissão conjugada de ultrassom e laser conseguimos normalizar o limiar de dor do paciente. Já o tratamento na palma das mãos contrapõe o tipo de atendimento feito hoje, muito focado nos pontos de dor”, disse Antônio Eduardo de Aquino Junior, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores do artigo.

No estudo, orientado por Vanderlei Salvador Bagnato, professor titular e diretor do IFSC-USP, 48 mulheres de 40 a 65 anos diagnosticadas com fibromialgia foram divididas em seis grupos de oito na Unidade de Pesquisa Clínica, parceria do IFSC com a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos.

Três grupos receberam emissões de laser, ultrassom ou a conjugação de ultrassom e laser na região do músculo trapézio. Os outros três grupos tiveram como foco do tratamento as palmas das mãos.

Os resultados mostraram que o tratamento realizado nas mãos foi mais eficiente para os três tipos de técnicas, sendo que o tratamento com a combinação de laser e ultrassom ofereceu melhoras significativas aos pacientes. A avaliação dos resultados com cada tipo de aplicação foi baseada em protocolos como o Questionário de Impacto da Fibromialgia (FIQ) e a Escala Visual Analógica (EVA).

A ideia de testar os efeitos do novo equipamento em aplicações na região das mãos surgiu a partir da revisão de literatura científica.

“Estudos anteriores indicaram que pacientes com fibromialgia apresentam quantidade maior de neurorreceptores próximos aos vasos sanguíneos das mãos. Alguns pacientes chegam a ter até pontos vermelhos nessa região. Por isso, mudamos o foco e testamos a atuação direta nessas células sensoriais das mãos e não só nos chamados pontos de gatilho de dor, como o músculo trapézio, região normalmente de muita dor para pacientes fibromiálgicos”, disse Juliana da Silva Amaral Bruno, fisioterapeuta e primeira autora do estudo.

Segundo Aquino, o novo equipamento que faz a emissão conjugada de ultrassom e laser deve chegar ao mercado no início de 2019.

Os resultados foram publicados no artigo  Could Hands be a New Treatment to Fibromyalgia? A Pilot Study (doi: 10.4172/2165-7025.1000394), de Juliana Silva Amaral Bruno, Daniel Marques Franco, Heloisa Ciol, Anderson Luis Zanchin, Vanderlei Salvador Bagnato e Antonio Eduardo de Aquino Junior. (Carta Campinas com informações de divulgação)