O espetáculo “Benedita”, com o ator Bruno de Souza, poderá ser visto no Teatro do Sesc Campinas na próxima sexta-feira, 25, às 20h. O espetáculo traz à tona a preservação do Patrimônio Imaterial Cultural quando leva o público a conhecer de perto Benedita, uma misteriosa senhora genuinamente brasileira, contadora de histórias.

Ela carrega uma gigantesca trouxa na cabeça. Em meio aos panos que traz, existem roupas sujas de cores vivas. Benedita conta a historia dessas indumentárias especiais – peças que marcaram sua vida centenária de perdas, encontros, afetos, maledicências, tragédias, risos, dores. Sua apresentação é um ritual de passagem que passeia entre o trágico e o cômico para a construção de uma personagem genuinamente brasileira. Uma mulher-mito, contadora de histórias, lavadeira-curandeira bruxa-feiticeira, em seu limite de vida. Com uma declarada relação com o misticismo e com o indizível, ela perpassa o curandeirismo e a espiritualidade. Benedita tece destinos através dos casos que conta, relatando uma história arquetípica e mitológica.

Em tempos de avanços tecnológicos e de modernidade, reconhecer, valorizar e homenagear um personagem vivo da nossa cultura popular tem sido uma prática essencial para a manutenção de tradições ameaçadas ao esquecimento. Não à toa, Bruno de Sousa, ator e criador do espetáculo Benedita, traz para cena tal reflexão. Quantas figuras do nosso imaginário popular, folclórico ou não, ícones que formaram nossa infância ou comungaram de algum tipo de influência na nossa formação estão caindo no ostracismo? Quem nunca teve uma vizinha benzedeira, lavadeira? Ou conheceu alguém detentora de sabedorias naturais diversas? A anciã que cura os males mais inusitados? São figuras que de alguma maneira todos nós conhecemos ou já ouvimos falar e que enriquecem a cultura brasileira. Benedita reúne na cena esses diversos ícones populares através da personagem título da peça, na tentativa de compreender e estimular o respeito à diversidade e a valorização da identidade.

Através da personagem, a montagem também discute temas como o aborto, misticismo, abuso de poder, ética e o papel do idoso em nossa sociedade. O espetáculo se encontra atrelado em duas matrizes de trabalho, o Teatro Físico e a Contação de Historia. Nestas duas searas cênicas tanto o discurso corporal como verbal produzido pela personagem Benedita tem um valor semântico estabelecido. Toda movimentação e os modos de fala, assim como os argumentos, estabelecem uma trama de referências que levam o espectador a criar o interesse pelas ações, assuntos e detalhes presentes no espetáculo.

Este trabalho conta com a orientação de Fabio Vidal que já possui em seu histórico cinco experimentos de criação, onde o ator assume as funções de autor, encenador e gestor, em um processo criativo marcado pela experimentação e pelo rigor físico (Sebastião – Prêmio Braskem de Melhor Ator 2010, Seu Bomfim, Eterno retorno Erê, Velôzidade Máxima e Casa Número Nada); e também com a de Danilo Pinho, ator, fonoaudiólogo, professor de teatro e mestre em Artes Cênicas pela UFBA que, assim como Fabio Vidal, tem experiências em processos solísticos (Sui Generis). Ambos foram alunos da pesquisadora cênica em solos Denise Stocklos.

Texto, Direção e Atuação: Bruno de Sousa / Orientação : Fábio Vidal e Danilo Pinho / Cenografia: Rodrigo Frota / Trilha Sonora: Leandro Villa / Figurino: Diana Moreira / Desenho de Luz: Pedro Dultra / Maquiagem: Ramona Azevedo

Os ingressos, a partir de R$ 5, podem ser adquiridos no Portal do Sesc e nas bilheterias das unidades. (Carta Campinas com informações de divulgação)