Holywood (1989), de Emmanuel Nassar

Em São Paulo – Até o dia 2 de julho, poderá ser vista na Pinacoteca Estação a retrospectiva do artista paraense Emmanuel Nassar (Capanema, PA, 1949) “Emmanuel Nassar: 81-18”.

Com sua produção, Nassar provoca reflexões sobre o “erudito” e o “popular”. Suas pinturas e objetos estão marcados por interações aparentemente banais: das logomarcas pintadas em fachadas de rua à geometria rigorosa que remete ao concretismo brasileiro; da pintura popular do circo e do parque de diversões que circula o país à ironia da arte-pop americana. Além disso, o uso de símbolos como a bandeira nacional, a logomarca da Coca-Cola e a referência à Hollywood estão também presentes sem hierarquias, mas apresentadas com um senso de humor irônico.

“O trabalho de Emmanuel Nassar é muito potente. Fez com que a crítica do sudeste repensasse a noção idealizada que existia do pintor dito ingênuo”, explica o curador Pedro Nery.

A mostra apresenta quatro décadas de produção, reunindo trabalhos conectados por temas que são recorrentes ao longo desse período. São abordadas questões sobre identidade, a pop-arte ou a iconografia circense. A exposição traz mais de cem trabalhos, entre eles Receptor, de 1981, o mais antigo presente na retrospectiva e que marca uma guinada em sua produção artística. Também Fachada, obra do acervo da Pinacoteca que representa em escala real o pórtico de um circo de rua e que foi feita para servir de entrada para a sala do artista na Bienal de 1989.

Vale lembrar que esta individual dá continuidade ao programa de exposições que pretende realizar uma revisão da carreira de artistas que iniciaram suas trajetórias na década de 1980 e construíram um percurso destacado no contexto da arte contemporânea brasileira.

“O que há de mais perene no conjunto da obra de Nassar é, possivelmente, a ambiguidade de dois mundos brasileiros, um informal das ruas e da experiência mundana em contraste com a formalidade geométrica e utópica”, completa Nery.

A Pinacoteca prepara um catálogo que reunirá dois textos inéditos escritos pelos autores Pedro Nery e Thierry Dufrêne, historiador da arte. O livro trará ainda reproduções das obras expostas.

A mostra está em cartaz no quarto andar da Pina Estação – Largo General Osório, 66. A visitação é aberta de quarta a segunda-feira, das 10h00 às 17h30 – com permanência até às 18h00 – e entrada gratuita. A Pina Estação fica próxima à estação Luz da CPTM. (Carta Campinas com informações de divulgação)