Em decisão realizada na última terça-feira, 22, a Congregação do Cotuca (Colégio Técnico de Campinas – Unicmap) aprovou a implementação da política de cotas em seu processo seletivo, com 15 votos favoráveis e 3 contrários. Mas para que o Cotuca implemente de fato as cotas em seu vestibulinho ainda é necessário a aprovação da proposta pelo Conselho Universitário (Consu) da Unicamp.

A aprovação teve grande mobilização dos alunos. Eles participaram de uma Assembleia Geral que foi organizada pelo grêmio e durante o evento, essa discussão sobre cotas foi colocada em pauta e a maioria dos alunos se mostrou favorável a política de cotas étnico-raciais e de escola pública para o colégio. O Crioules (Coletivo Negro do Cotuca) organizou diversas intervenções visuais que marcaram presença e reforça bem o que queremos para o Cotuca.

O mesmo coletivo organizou uma mesa de discussão com a presença de membros da Frente Pró-Cotas da UNICAMP e da Comissão de Assuntos Étnico-Raciais do Colégio, contando com a participação de alunos, professores e funcionários.

Atualmente, cerca de 83% dos alunos do Cotuca no período diurno são provenientes de escolas privadas. Pela proposta aprovada, a ideia é que os alunos aprovados no Cotuca tenham o mesmo perfil dos alunos do estado de São Paulo. Nesse sentido, a proposta se baseou seguintes critérios.

Autodeclaração racial do Estado de São Paulo em 2015: 37,2% – pretos, pardos ou indígenas (PPIs), 61,6% – brancos e 1,2% – amarelos. Alunos matriculados no Ensino Fundamental anos finais (6o ao 9o ano) do Estado de São Paulo (2017): 80,55% – escolas públicas e 19,45% – escolas particulares

A realidade da região de Campinas não difere muito do Estado, sendo que: 78,29% – escolas públicas e 21,71% – escolas particulares

Mas os dados do Cotuca mostram que os cursos de maior concorrência em nosso processo seletivo, da modalidade A (ensino médio e técnico concomitância interna) do diurno, houve um crescimento significativo dos alunos oriundos de escola particular: foram 83,2% em 2018, em comparação à média de 58,2% entre 2013 a 2017.

Dos matriculados neste ano, apenas 7,9% declararam ser pretos, pardos e indígenas (perante uma média, abaixo da representação em nosso estado, de 13,8% entre 2013 e 2017) e 33,8% declararam renda familiar entre zero e três salários mínimos.

Entre os matriculados nos cursos da modalidade A no noturno, são 19,8% de pretos, pardos e indígenas em 2018 (ante uma média de 32,9% em anos anteriores), 39,2% de escolas particulares (quase o dobro da média de 19,9% entre 2013 e 2017). Em relação à renda, o público ainda segue um perfil de renda mais baixa, com 67,1% dos matriculados na faixa de até 3 salários mínimos”.

Por conta disto, a Comissão elaborou uma proposta de cotas étnico-raciais e de escolas públicas que visa ter essa representação desses grupos da sociedade nas salas de aula do Cotuca. A proposta é que o total de vagas de cada turma (40 alunos) seja dividido em três grupos, que foi explicitado em documento: Veja link.