Nesta quinta-feira, 19, às 21h, o cantor e compositor Paulo Miklos realiza o show de lançamento de “A Gente Mora no Agora” no Teatro Iguatemi, em Campinas.

Em 38 anos de carreira, Paulo Miklos se tornou muitos artistas ao mesmo tempo. Na via principal, construiu uma sólida personalidade como cantor e compositor, sobretudo nos 34 anos em que integrou os Titãs, banda de que foi cofundador em 1982. Ali, Miklos se tornou o intérprete de clássicos do rock brasileiro. Ele é a voz de “Sonífera Ilha”, “Bichos Escrotos”, “Diversão” e até de canções alheias, como “É Preciso Saber Viver”, que ganhou nova vida a partir da releitura feita por ele em 1998.

Como compositor, fez dois álbuns individuais em paralelo aos Titãs: “Paulo Miklos” (1994), e “Vou Ser Feliz e Já Volto” (2001). Eram trabalhos que escoavam sua produção autoral que não cabia no repertório da banda. E, como não tinham nenhuma pretensão além dessa, nem sequer ganharam turnês de lançamento ou maiores planejamentos de exposição.

Mas agora, um ano depois de ter deixado os Titãs, Paulo Miklos lança o que considera de fato seu primeiro trabalho individual na música. Gravado entre março e abril de 2017, “A Gente Mora no Agora” não é, como se poderia esperar de seu autor, um álbum de rock. Calcado no violão de náilon, explora profundamente o universo da música popular brasileira, terreno em que Miklos sempre transitou (inclusive no palco, relendo canções de Noel Rosa junto ao Quinteto em Branco e Preto; e no cinema, quando interpretou personagens icônicos como Adoniran Barbosa.

A produção musical do álbum ficou a cargo de Pupillo, da Nação Zumbi com coprodução de Apollo Nove. A direção artística é assinada por Marcus Preto, que guiou discos recentes de Tom Zé e Gal Costa. A faixa que melhor amarra todo o conceito de A Gente Mora no Agora – e, em muitos sentidos, resume também seu processo de criação – foi escrita por Emicida. Miklos havia criado a base de “A Lei desse Troço” quando o rapper chegou no estúdio com caderno e caneta. Ouviu e anotou, ouviu e anotou.

Em pouco tempo, soube desenhar em palavras o momento atual de Paulo Miklos, que traz “o ontem no peito”, mas “mora no agora, no agora”: “Chorar é importante igual sorrir/ Avisa que eu voltei sem sair daqui”. Não por acaso, essa música, com arranjo sofisticado do maestro baiano Letieres Leite, foi escolhida para abrir o álbum. Os versos de Emicida foram certeiros. Conceitualmente, A Gente Mora no Agora flagra um cantor-compositor-narrador em pleno processo de reconstrução. Renata Galvão é a produtora executiva do disco.

O mergulho na música brasileira fez com que Paulo Miklos abrisse um novo e abrangente leque de parceiros e compositores, incluindo nomes das mais variadas gerações e escolas estéticas.

Da turma de 1960, veio o genial Erasmo Carlos, criador da jovem guarda e parceiro de Paulo Miklos na canção “País Elétrico”, uma das mais surrealistas do álbum, em que o Gigante Gentil cria uma nova ciência: a “mentirologia”. Já Guilherme Arantes, o mestre dos temas de novela da geração 1970 e 1980, musicou os versos de “Estou Pronto”, escritos por Miklos, e criou uma balada bem característica de sua verve romântica. Como não poderia deixar de ser, é o próprio Guilherme que toca o piano em sua faixa. Outra grande balada romântica de A Gente Mora no Agora, “Vou te Encontrar” foi escrita por Nando Reis especialmente para a voz de Miklos.

Outro ex-parceiro da banda, Arnaldo Antunes, contribuiu na composição do frevo “Deixar de Ser Alguém”, que, no disco, ganhou um contagiante arranjo de sopros do pernambucano Maestro Duda, de 81 anos, veterano comandante de orquestras de frevo em Recife. A produção da nova geração é predominante em A Gente Mora no Agora. Os mais novos do time de compositores do disco, ambos na casa dos vinte e poucos anos, Mallu Magalhães e Tim Bernardes também compuseram especialmente para a voz de Paulo Miklos. Mallu escreveu o sambarock “Não Posso Mais” no masculino, tendo um homem casado como personagem central, para que Miklos se sentisse muito confortável ao interpretá-la. Já Tim, vocalista e guitarrista da banda O Terno, é parceiro em “Samba Bomba”, a faixa mais roqueira do álbum. Tim também assina, desta vez sozinho, a filosófica “Eu Vou”. Parceria de Paulo Miklos com a cantora Céu e o produtor Pupillo, “Risco Azul” é um bolero, quase um tango e ganhou um belo arranjo de cordas, que sublinhou a intensidade de letra e melodia. Outra parceria de Céu e Paulo Miklos é “Princípio Ativo”, em que Céu participa nos vocais.

O músico capixaba Silva escreveu a melodia de “Todo Grande Amor”, que tem letra de Miklos. Originalmente uma bossa nova, a composição ganhou uma levada mais acelerada, desta vez com violão de aço, e um arranjo de cordas do americano Miguel Atwood-Ferguson, que já colaborou com artistas como Rihanna e John Legend.

Já “Vigia” nasceu ao contrário. A base foi criada por Miklos e enviada ao parceiro, o baiano Russo Passapusso, vocalista da banda Baiana System, que escreveu a letra. São dele os vocais swingados que surgem no refrão. Com a rapper paulista Lurdez da Luz, o processo de composição foi idêntico: Miklos criou uma base sobre a qual a parceira montou a letra. Assim foi gerada o baião “Afeto Manifesto”. A banda também uniu gerações e escolas estéticas. Além das baterias de Pupillo, as faixas contam com o baixo do mitológico Dadi (Novos Baianos, A Cor do Som, Tribalistas), os teclados de Mauricio Fleury (Bixiga 70) e os violões de Everson Pessoa (ex-Quinteto em Branco e Preto), além de diversas intervenções do multi-instrumentista Apollo Nove (Rita Lee e Planet Hemp). O disco foi mixado em Los Angeles por Mario Caldato Jr., produtor de álbuns dos Beastie Boys e Jack Johson, entre outros.

No show de lançamento de A Gente Mora no Agora, Paulo Miklos junta todos os artistas que se tornou nesses 38 anos. Estarão em cena o compositor, o intérprete, o ator, o instrumentista. Além do repertório do novo álbum, serão incluídas faixas de seus dois primeiros trabalhos individuais, temas de Noel Rosa, Sabotage e Adoniran Barbosa e também algumas das canções dos Titãs que vieram ao mundo por sua voz. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Data: 19 de abril, quinta-feira.
Horário: às 21h.
Local: Teatro Iguatemi 3º piso do Iguatemi Campinas – Endereço: Av Iguatemi, 777 – Vila Brandina
Telefone: (19) 3294-3166 – www.teatrogt.com.br

VALORES
Inteira: R$ 100,00
Meia-Entrada: R$ 50,00

VENDAS
Bilheteria do Teatro: 3294-3166 (segunda a sábado das 10h às 22h | domingo das 12h às 20h)
Pela internet: www.ingressorapido.com.br