A intervenção militar no Rio de Janeiro é o fracasso generalizado de uma sociedade que tenta se encontrar em um processo civilizatório.

Depois de 20 anos da incrível entrevista de Hélio Luz, hoje com 72 anos, concedeu ao documentário Notícias de Uma Guerra Particular, de João Moreira Sales, os brasileiros estão atolados nos mesmos problemas. Seria uma burrice civilizatória ou uma ganância usurpadora?

BBC  Brasil recuperou a história e fez nova entrevista Hélio Luz. Veja trecho e, mais abaixo, a entrevista em vídeo de Hélio Luz:

‘Os diagnósticos incisivos de Hélio Luz, ex-chefe da Polícia Civil no Rio, ficaram marcados na memória de quem, há quase 20 anos, o assistiu no documentário “Notícias de Uma Guerra Particular”, descrevendo uma polícia que foi “criada para ser violenta e corrupta” e teria papel de “garantir uma sociedade injusta”.

“Como você mantém os excluídos todos sob controle, ganhando R$ 112 por mês? Com repressão”, disse aos diretores João Moreira Salles e Kátia Lund, na época em que chefiava a Polícia Civil fluminense, entre 1995 e 1997, referindo-se ao valor do salário mínimo de então.

Aos 72 anos, Luz está aposentado, afastado da vida pública e vive com a família em Porto Alegre, onde nasceu. Mas continua acompanhando de perto as notícias da guerra particular que não acaba no Rio.

Em entrevista à BBC Brasil, ele faz o esforço constante de deslocar o foco das favelas, que têm sido objeto de operações policiais e militares, e apontar o espelho de volta para as elites, para a classe média e para as forças de segurança.

“Por que cercar a favela, se o crime não está ali? O cerne da questão da insegurança não está ali. Aquilo ali é o resultado”, afirma, considerando que os “meninos que estão no tráfico” são produto da desigualdade social. (Da BBC)