A empresa Nova Visão Assessoria e Consultoria, foi autuada no último dia 15 pelo Ministério do Trabalho por manter 565 trabalhadores em condição análoga à de escravidão.

A Operação denominada de Canaã: a colheita final, da Polícia Federal (PF) prendeu 13 pessoas, sendo dirigentes do grupo econômico e pastores da igreja. Outros dez dirigentes continuam foragidos. A empresa está registrada no nome dos pastores Cícero Vicente de Araújo e Miguel Donizete Gonçalves, líderes da igreja. Cícero, que está foragido, havia sido preso em 2015 (foto).

Deflagrada no início de fevereiro, a operação investiga o envolvimento da Igreja Cristã Traduzindo o Verbo, antes conhecida como Comunidade Evangélica de Jesus, em crimes como trabalho escravo, tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro e estelionato.

Segundo o Ministério do Trabalho, a igreja foi autuada porque dos 565 trabalhadores encontrado em condição ilegal, 438 não tinham registro em Carteira de Trabalho e 32 eram adolescentes em atividades proibidas para menores.

Ainda de acordo com o ministério, as vítimas foram encontradas em nove fazendas de produção hortigranjeira e de café do grupo, sendo seis em Minas Gerais e três na Bahia, além de restaurantes, casas comunitárias e um posto de gasolina em São Paulo.

Conforme nota do Ministério do Trabalho, as vítimas não tinham jornada de trabalho estabelecida e não recebiam nenhuma remuneração pelas atividades. Eles trabalhavam em troca de casa e comida.

Em nome de Jesus

Na operação, desencadeada em parceria com a Polícia Federal, os auditores fiscais tiveram dificuldade para resgatar os trabalhadores. Em virtude da doutrinação religiosa, as vítimas não se achavam exploradas e diziam trabalhar em nome da fé e da coletividade.

Além de ser obrigado a regularizar a situação dos trabalhadores, o grupo econômico responsável pela igreja também deverá afastar os trabalhadores das atividades ilegais.

Conforme determinação do Ministério, os trabalhadores que não tinham a Carteira de Trabalho assinada deverão ter o registro incluído no documento. Além disso, os 565 trabalhadores terão que receber retroativamente pelos serviços prestados. A igreja deverá ainda providenciar o retorno das vítimas aos seus locais de origem. (Agência Brasil/Carta Campinas)