Cena do documentário “Carmen Miranda: Bananas Is My Business”, de Helena Solberg

Em São Paulo – O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), apresenta até o dia 19 de março, a obra da cineasta Helena Solberg. Nascida no Rio de Janeiro, em 1938, a diretora estreou na década de 1960 e é um dos principais nomes do Cinema Novo. Apesar de ter trabalhado ao lado de diretores como Rogério Sganzerla, que fez a montagem do seu primeiro curta-metragem, A Entrevista, de1966, Helena Solberg não é tão lembrada quanto os colegas que fizeram parte do movimento que mudou o cinema brasileiro.

Com 24 exibições, além de debates, a retrospectiva traz toda a filmografia da diretora. Segundo o curador Leonardo Amaral, o objetivo é resgatar a obra de Helena, “que tem uma importância muito grande dentro da história do cinema brasileiro. É a única mulher dentro do Cinema Novo e pouquíssimo comentada”.

Influenciado pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague (Onda Nova) francesa, o Cinema Novo foi um movimento caracterizado por filmes de baixo orçamento, temática popular e que buscavam um realismo brasileiro.

Enquanto estava no exterior, Helena fez documentários que abordam a violência dos regimes ditatoriais no Chile, comandado por Augusto Pinochet, e no Nicarágua, governada por Anastasio Somoza. Em especial sobre este último, Das Cinzas – Nicarágua Hoje, de 1982, também coloca em foco a luta do movimento sandinista pela libertação do país.

As questões relativas à mulher foram uma constante na produção de Helena Solberg, cujo último filme, lançado no ano passado, Meu Corpo, Minha Vida, tem como tema o aborto. De acordo com Leonardo Amaral, a obra aborda os problemas que as mulheres enfrentam em relação ao próprio corpo. O longa-metragem Meu Corpo, Minha Vida foi pensado para ser exibido na televisão, acrescenta Amaral.

Os temas relacionados à mulher perpassam toda a obra da cineasta. Em seu primeiro curta-metragem, a diretora entrevistou diversas jovens sobre virgindade, casamento, sexo e política, sobrepondo as falas com imagens de uma moça que se prepara para um casamento. A Dupla Jornada, de 1975, busca reproduzir situações e as condições de vida de mulheres latino-americanas que trabalham fora de casa. (Carta Campinas com informações de Daniel Mello/Agência Brasil)