O Sindicato Químicos Unificados de Campinas e região está denunciando que a empresa de medicamentos EMS, de Hortolândia, quer reduzir drasticamente as folgas em finais de semana dos trabalhadores e trabalhadoras em duas fábricas. Com a mudança, de acordo com o Sindicato, a maioria dos trabalhadores só terá folga em final de semana inteiro (sábado e domingo) apenas uma vez no mês.

Sob o argumento de que a legislação da reforma trabalhista (lei 13.467/2017), do governo Temer, permite acordos diretos para tratar de assuntos como a jornada, o sindicato afirma que a EMS “tem coagido trabalhadores para assinar ‘acordos de compensação de jornada’ que afetam principalmente o período de descanso”.

“Pelo ‘acordo’ proposto, as folgas aos finais de semana tornam-se raras– o que prejudica o convívio social e a saúde dos/as trabalhadores. Atualmente, os funcionários desta fábrica trabalham em sábados alternados. A proposta que a empresa apresenta, apenas uma vez por mês o trabalhador poderá ter um final de semana inteiro de descanso (sábado e domingo). Em um ano seriam apenas oito finais de semana”, afirmam os sindicalistas.

Os funcionários da EMS Farmacêutica de Hortolândia decretaram Estado de Greve (podem realizar paralisação a qualquer momento) contra as mudanças na jornada de trabalho não aprovadas pela categoria.

Os sindicalistas afirmam ainda que a conduta da empresa é ilegal, uma vez que a jornada para os trabalhadores tem vigência até 15 de janeiro de 2019 e não poderia ser contestada. O Sindicato Químicos Unificados ressalta que notificou a EMS para “cessar o assédio para impor essa jornada ruim aos trabalhadores”.

Em Hortolândia, existem duas unidades chamadas de Fábrica 1 e Fábrica 2, que atualmente funcionam com jornadas diferentes e tem no total cerca 3 mil trabalhadores. Na Fábrica 1, são aproximadamente 1.000 trabalhadores divididos em três turnos. Já na Fábrica 2, trabalham cerca de 250 funcionários. Em 2016, a farmacêutica teve um faturamento de R$ 4,2 bilhões e há cerca de três meses investiu R$ 176 milhões na compra da empresa Galenika (farmacêutica estatal da Sérvia).

O sindicato Químicos Unificados propôs que os funcionários da empresa pudessem decidir sobre a proposta apresentada pela empresa em votação secreta, com acompanhamento do sindicato. “A empresa passou por cima da reivindicação e realizou votação sem a presença de dirigentes sindicais, em uma sala com a presença de toda a chefia. Ou seja, uma votação marcada pela coação e que influenciou o resultado favorável à empresa”, anotou o Sindicato.

Para os trabalhadores, o caso da EMS é mais um exemplo do desastre provocado pela aprovação da reforma trabalhista, que permite aos patrões forçarem todo tipo de mudanças sob a alegação de que agora a lei permite negociação direta entre patrão e trabalhadores, sem a presença do sindicato. A agência da ONU pede que o Brasil revise a reforma trabalhista.

No final de 2017, a farmacêutica Eurofarma, de Itapevi, adotou prática similar para implantação de banco de horas mesmo após rejeitarem a proposta da empresa. A implantação de banco de horas foi submetida à votação secreta na qual a maioria dos trabalhadores rejeitou a proposta por entender que traria prejuízo na qualidade de vida e também perdas financeiras. O sindicato divulgou a situação e também encaminhou denúncia ao Ministério Público de Trabalho, conseguindo o recuo da empresa.
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Veja vídeo produzido pelos trabalhadores: