“No fim de 2012, Manolo Pichardo (foto), político da República Dominicana, participou de uma sinistra reunião na suíte de um hotel em Atlanta, nos Estados Unidos.

Alguns ex-presidentes latino-americanos de inclinação de centro ou direita discutiram como varrer adversários progressistas do mapa.

Afinal, dizia um dos presentes, Luis Alberto Lacalle, ex-mandatário uruguaio, “não podemos ganhar desses comunistas pela via eleitoral”. A presença de Pichardo ali era estranha, só tinha ido a Atlanta graças ao convite de um ex-presidente amigo, Vinicio Cerezo, da Guatemala”. Esse um trecho da reportagem de André Barrocal, publicada no site da revista Carta Capital.

O texto continua:

Será que haveria um “Plano Atlanta”, batismo dado por Pichardo ao que escutou naquela suíte de hotel em 2012, com o qual o PLD deveria se preocupar? “Se há, não conheço”, diz ele.

E que “plano” é esse, afinal? Desmoralizar líderes progressistas via mídia com acusações de corrupção, inclusive a familiares, e ataques ao comportamento privado deles. Depois, converter os escândalos em processos judiciais que acabem com a carreira da turma.

A estratégia parece bem sucedida, a julgar pelo destino de Fernando Lugo no Paraguai em 2012 e de Dilma Rousseff por aqui em 2016, além das encrencas de Cristina Kirchner na Argentina, de Rafael Correa no Equador e, claro, de Lula.

A derrocada do petista seria a “joia da coroa”, algo que está perto de acontecer dado o iminente julgamento dele em segunda instância.

CartaCapital: O processo contra o ex-presidente Lula é parte do “Plano Atlanta”?

Manolo Pichardo: Claro que sim. Toda a perseguição que desencadearam contra ele é parte da artimanha que procura desqualificá-lo para que não retorne à Presidência do Brasil e retome a aplicação de políticas públicas que favorecem a maioria. Isso em razão de que as oligarquias brasileiras e da região não concebem que as riquezas geradas sejam distribuídas com maiores níveis de justiça. É que não se dão conta de que em um processo de distribuição democrática da renda, o consumo aumenta e eles têm mais possibilidades de fazer negócios. E não se dão conta porque estão acostumados a acumular riqueza com base na exploração das grandes maiorias.

CC: Por que Lula seria a “joia da coroa” do “Plano”?

MP: O Brasil é a maior economia da América Latina e se tornou uma das maiores do mundo. É o maior país da região em tamanho e população. Isso, obviamente, deu-lhe o peso político que lhe permitiu influenciar o resto dos países latino-americanos, algo que, sem dúvida, aumentou durante a Presidência de Lula, uma vez que remover mais de 40 milhões de pessoas da pobreza e incorporar 16 milhões ao mercado de trabalho tornaram-no uma referência obrigatória. Isso faz dele, de acordo com os interesses dos setores conservadores, um exemplo indesejável. (Veja texto integral)