A transferência do submarino “Riachuelo” (SBR-1), passando pelo túnel da Base de Submarinos da Ilha da Madeira (BSIM) rumo à fase final de sua construção na Base Naval de Itaguaí é um marco da maior importância para o país.

A operação realizada neste domingo, 14 de janeiro, é um passo decisivo para o lançamento ao mar, ainda em 2018, do primeiro dos quatro submarinos convencionais (S-BR) previstos dentro do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). [O programa foi criado em 2008, durante o governo Lula]

O PROSUB tem como objetivo final o projeto e a construção de um submarino com propulsão nuclear (SN-BR). A perspectiva é dar maior segurança à costa brasileira, chamada Amazônia Azul, que compreende uma área oceânica de 4,5 milhões de km², praticamente a metade do território nacional. Por ali o país escoa 95% do seu comércio exterior; são extraídos mais de 90% do nosso petróleo; e as riquezas naturais são comparáveis às da floresta amazônica. Proteger todo esse patrimônio e garantir a soberania nacional são objetivos que estão hoje entre os principais desafios da Marinha do Brasil.

Fruto de parceria estratégica Brasil/França, em dezembro de 2008 foram assinados acordos de nível político entre os dois países, abrangendo sete contratos firmados pela Marinha com a empresa francesa DCNS, a Construtora Norberto Odebrecht (CNO) e a Itaguaí Construções Navais (ICN), uma Sociedade de Propósito Específico, na qual o governo, representado pela Marinha do Brasil, detém uma ação a título de golden share, com poder de veto. A escolha da Odebrecht para as obras de infraestrutura e construção civil foi da DCNS, detentora da tecnologia a ser utilizada. O Consórcio Baía de Sepetiba (CBS) é o responsável pela gestão das interfaces.

A transferência de tecnologia (ToT) e a prestação de serviços técnicos especializados, conforme reportagem especial do Portal do Clube de Engenharia capacitam o Brasil em projetos e construção de submarinos convencionais e com propulsão nuclear, exceto na área nuclear. O circuito primário da propulsão será totalmente nacional, desenvolvido pela Marinha, contando com apoio da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, além da França, detém essa tecnologia apenas os EUA, Reino Unido, China e Rússia. A Índia recentemente anunciou o comissionamento do seu primeiro submarino com propulsão nuclear construído no país, programa que contou com significativo apoio russo no sistema de propulsão.  (Do Clube de Engenharia Militar)

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