O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ficou 15 anos com uma grande sujeira debaixo do nariz e nada fez para investigar os governos do PSDB em São Paulo. Desde 2002 pelo menos há denúncias contra governos tucanos.

E denúncias não faltaram neste tempo todo, mas nada avançou. Além disso, uma pesquisa revelou que forças do PSDB operam dentro do Ministério Público. Talvez isso explique a incompetência do órgão.

Além de não investigar tucanos, o MP-SP promoveu a maior sorte de ações esdrúxulas contra o governo de Fernando Haddad (PT) quando prefeito de São Paulo. Ações que consumiram dinheiro público sobre temas banais como ações contra ciclovias, contra fechamento de avenida aos domingos etc.

Deputados da bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo afirmam esperar providências e investigação séria por parte do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) sobre formação de cartel no Rodoanel paulista e no Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, após reunião com o procurador-geral de Justiça Gianpaolo Smanio (na foto ao lado de Alckmin).

Informações reveladas a partir de acordo de leniência da Odebrecht no âmbito do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Ministério Público Federal (MPF) mostram que houve formação de cartel em várias obras no período dos governos tucanos de Geraldo Alckmin (2004-06), José Serra (2007-2010) e Alberto Goldman (2010). O acordo com a empreiteira levou o Cade a instaurar inquérito no mês de agosto.

“Indagamos ao Ministério Público o que eles fizeram ao longo de tanto tempo sobre questões que envolvem os governos Alckmin e Serra, já que há várias representações da bancada do PT pedindo investigações desde duas legislaturas anteriores. Queremos saber também o que farão, dada a gravidade das novas revelações”’, diz o líder do PT na Assembleia, Alencar Santana. Segundo ele, o procurador-geral e sua assessoria prometeram atualizar as informações sobre as representações dos parlamentares petistas ao longo do tempo.

A Odebrecht revelou que um esquema existiu de 2004 a 2007 nas obras do Rodoanel e de 2008 a 2015 em projetos do sistema viário. Somadas, elas custaram R$ 10 bilhões aos cofres públicos. Em setembro deste ano, o MP-SP recusou-se a firmar um acordo de leniência com a mesma Odebrecht, para que a empreiteira desse informações sobre pagamento de propina em obras do Metrô, DER, CPTM e Dersa, envolvendo os governos de Alckmin e Serra.

“Diante das evidências de agora, eles terão que dar retorno sobre os questionamentos que fizemos. Pontuamos as questões e prometeram que vão nos responder todos os pontos”, afirma o deputado Zico Prado, que participou da reunião com Smanio. Segundo ele, o procurador-geral se comprometeu a responder os questionamentos logo depois do recesso forense, que termina em 6 de janeiro.

Os parlamentares pretendem ir a Brasília para requisitar mais informações junto ao Cade e o MPF sobre as informações contidas nos documentos entregues pela Odebrecht aos órgãos.

De acordo com o líder petista, a conversa com Smanio foi franca. “Nós dissemos inclusive que, na nossa opinião, o Ministério Público de São Paulo tem agido para proteção dos governos e políticos tucanos e não tem tomado nenhuma medida efetiva para investigar nada do que é revelado e acontece em São Paulo envolvendo as obras do metrô, de mobilidade e outras”, diz Alencar Santana. “Se as coisas não andarem, será um descaramento e o Ministério Público de São Paulo assume que de fato tem um lado na história, que o lado deles é o PSDB. A verdade pode ser que o governador é responsável, e pode ser que não. O que não pode é ficar essa dúvida”, afirma.

“Espero que agora, com os dados que têm, o Cade e o MP esclareçam o mais rápido possível, porque está tudo evidente, eles nem precisam mais investigar nada, está tudo pronto”, acrescenta Zico Prado.

O deputado diz esperar que o andamento do processo no Cade não se arraste indefinidamente, como aconteceu no processo que investigou cartel na indústria de suco de laranja no estado. O caso chegou ao Cade em 1999 e apenas em 2016 foi firmado um Termo de Compromisso de Cessação. “Só depois de quase 20 anos tomaram uma decisão sobre o caso da citricultura”. (Carta Campinas/RBA)