O Feverestival – Festival Internacional de Teatro de Campinas, que terá a sua 14ª edição realizada de 17 a 25 de fevereiro de 2018, divulgou os espetáculos selecionados via edital que irão compor a programação do próximo ano. Ao todo o festival escolheu nove espetáculos, nas categorias Adulto, Infantil e Teatro de Rua. Também foram selecionados cinco espetáculos da cena local de Campinas e região, via edital específico para os grupos locais.

Foram recebidas 547 inscrições nacionais e internacionais e 39 inscrições de grupos locais. Foram inscritos espetáculos de 22 estados diferentes do Brasil, das 5 regiões, e de mais 7 países. A curadoria nacional foi composta por um time de profissionais do festival e convidados: Cynthia Margareth (Coordenadora Geral do Feverestival), Dane de Jade (Coordenadora do FIMC – Festival Internacional de Máscaras do Cariri), Erika Cunha (Atriz), Felipe de Assis (Coordenador Geral do FIAC – Bahia), Flávia Marques (Sesc Campinas) e Valmir Santos (Jornalista e Crítico de Teatro). A curadoria de espetáculos e ações locais foi realizada por representantes da equipe do Feverestival.

Os nove espetáculos escolhidos são parte da programação do festival, que ainda contará com outros espetáculos nacionais e internacionais, residências, ações artísticas e formativas por toda a cidade.

O jornalista e crítico de teatro Valmir Santos, um dos curadores do edital nacional do Feverestival 2018, escreveu um texto que representa o pensamento curatorial desta edição do festival. Confira abaixo o texto na íntegra:

“No terceiro e derradeiro dia de trabalho da Curadoria fomos surpreendidos pela notícia da morte do pensador Luiz Carlos Maciel, ocorrida na véspera, dia 9 de dezembro, aos 79 anos. O jornalista, diretor de teatro e roteirista de cinema foi um dos pensadores-chave da Contracultura, cofundador do revolucionário jornal O Pasquim, onde assinava a coluna Underground (1969-1972), da qual extraímos a epígrafe acima.

Os ideais e as ideias desse ensaísta radicam a liberdade. Sincronicamente, buscamos na bússola Maciel uma possibilidade de leitura para o trabalho e o pensamento que nos moveram na definição dos espetáculos nacionais programados para a 14ª edição do FEVERESTIVAL – Festival Internacional de Teatro de Campinas.

As noções de sujeito e de coletividade surgem problematizadas, ou mesmo matizadas. Perguntemos. O que se desenhou do país depois das multitudes/multidões de junho de 2013? Cidadania tem a ver com individuação?

Dentre as centenas de inscritos nos deparamos com significativa quantidade de processos artísticos que adotam procedimentos narrativos nos quais a corporeidade fala alto diante das tentativas ou efetivações de silenciamentos nos campos das expressões da arte, da cultura e do comportamento.

A gravidade ética do momento brasileiro – e o recrudescimento das formas nada subliminares de censura sob falsa moral – ecoam violências da ditadura civil-militar (1965-1985). Em resistência a tais atrocidades mulheres e homens empenharam sua juventude para lutar pela democracia, esse regime imperfeito e permanentemente carente de ajustes, como uma obra em progresso.

Pois são justamente os jovens atuantes nas artes cênicas que conformam os grupos escalados para ocupar praças, espaços multiusos, não teatrais ou convencionais na relação da plateia frontal ao palco. As novas gerações ousam modos e temas para se manifestar em níveis social, político e econômico sem abdicar do experimento e da expansão formal nos planos da encenação, da dramaturgia e da atuação. As barreiras que cercam as liberdades de pensamento, de raça, de gênero e de crença são esteticamente derrubadas assim como as fronteiras de linguagens com a força performativa do corpo, da palavra, da imagem e da musicalidade.

Em contraponto às indelicadezas e rumores de toda ordem, o FEVERESTIVAL há de pontuar na paisagem campineira a utopia humanista das potencialidades de convívio com a diversidade e a acessibilidade em todos os quadrantes. A prática e a poética da escuta hão de produzir autoconhecimento para ampliar a noção do outro em gênero, número e grau”. (A Curadoria) (Carta Campinas com informações de divulgação)

Categoria ADULTO:

“Eu é outro – ensaios sobre fronteiras”
Coletivo Coato – Salvador BA

“Pra frente o pior”
Inquieta Cia – Fortaleza CE

“Cantos para Rinocerontes e Homens”
Teatro do Osso – São Paulo – SP

Categoria INFANTIL:

“Salve, Malala!”
Cia. Laleche – São Paulo – SP

“Ogroleto”
Pavilhão da Magnólia – Fortaleza – CE

Categoria TEATRO de RUA:

“Blitz – O império que nunca dorme”
Trupe Olho da Rua – Santos – SP

“(IN)Visibilidade”
Trupe Rafael Barros – Porto Velho – RO

Espetáculos selecionados com financiamento para circulação:

“As inigualáveis descendo do salto”
As inigualáveis Irmãs Cola – Ribeirão Preto – SP

“Esperando Godot”
Garagem 21 – São Paulo – SP

AÇÕES/ Espetáculos de Grupos Locais:

“As Pelejas de Severino em Busca do Boi Suvaco”
Canoa Encantada Teatro de Animação (Hortolândia);

“Cinza”
Cia. Fios de Sombra
(Campinas)

“Helena Vadia”
Coletivo Passarinha (Campinas)

“Kapu’era”
Guga Cacilhas (Campinas)

“A mulher da casa do arco-íris”
(Curta-metragem – Laboratório Cisco).