.Por Luís Fernando Praga.

Venceram, destruíram, arrasaram,
E nos mostraram o nosso lugar!
As poucas esperanças que restaram,
Vocês não hesitaram em podar.

A vida, agora, segue entre os escombros
Da guerra em que saímos derrotados.
Existe um peso bruto em nossos ombros
E a paz anda na mira dos soldados.

A nossa voz não passa de um gemido;
Muitos desaprendemos a falar.
Nosso presente é um corte dolorido
E um tom de morte empesteia o ar.

Vocês subjugaram os mais fracos
E censuraram nossos pensadores,
Encheram nossa história de buracos,
Transformaram bufões em professores,

Derrotaram os pobres e os gays.
Índios e negros também foram alvos
Dessa devastação expressa em leis;
Só seus reis e juízes foram salvos.

Então desenterraram o passado,
Desprezaram o voto e o povo,
Promoveram o ódio a dom sagrado
E nos interditaram para o novo.

Vocês destroem a nossa floresta
E roubam todo o nosso patrimônio.
Seu deus capitalista nos molesta,
Porém, quem presta é filho do demônio.

Não há saúde, não há alegria,
Só uma epidemia de discórdia.
Não há direitos nem democracia:
Só poderosos sem misericórdia.

Seu argumento é a opressão,
Sua alienação é onipresente,
Sua benevolência é a escravidão
E agora dão ração pra nossa gente.

Cantaram o machismo e o preconceito
E nos deixaram um país sem arte,
Sem raciocínio, sem mamar no peito,
Porque “a mulher é um pecado a parte!”

Vocês venceram, sim, esta batalha,
Com dinheiro, mentira e força bruta,
Mas é no amor e dor de quem trabalha
Que a boa chama acende a boa luta.

A consciência, aos poucos, aparece
E toma a esperança como par.
A utopia é nossa e não perece!
Nós nunca deixaremos de lutar!

Vocês feriram nossa liberdade;
Jamais esqueceremos a lição!
Se hoje a derrota foi da humanidade…
Esses “vitoriosos”… o que são?