Dados do próprio Ministério da Saúde e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre os anos de 1980 e 2003, mostram que as taxas de homicídios, antes da aprovação do Estatuto do Desarmamento, subiam em ritmo assustador, com alta de aproximadamente 8% ao ano.

Em 1983, o Brasil tinha 14 homicídios por 100 mil habitantes. Em 2003, já ocorria 36,1 assassinatos para cada 100 mil. Atualmente a taxa está em 29, mostrando que o Estatuto do Desarmamento estancou o crescimento e reduziu um pouco a taxa de homicídio. Falta agora distribuir renda e investir em Educação, mas o golpe parlamentar de 2016 colocou o Estado brasileiro a serviço das classes mais ricas e congelou os investimentos em Educação e Saúde por 20 anos. A tendência é que a taxa de homicídio aumente nos próximos anos com o aumento da desigualdade e de oportunidades.  Há uma grande pressão da indústria para lucrar com a venda de armas e com a morte de mais pessoas.

As informações foram divulgadas por reportagem do El País nesta segunda (30). Ela mostra que a ideia de que o Brasil era um país mais seguro quando o porte de arma era facilitado é uma grande mentira.  José Mariano Beltrame já chamou a tentativa da liberar armas de fogo de ‘descalabro’.

Na época em que era fácil comprar armas, o bairro Jardim Ângela, em São Paulo, foi considerado pela ONU como o mais violento do mundo, superando em violência até mesmo o auge da guerra civil da antiga Iugoslávia, em 1996.

“Para conter o avanço das mortes foi sancionado, em 2003, o Estatuto do Desarmamento, que restringiu drasticamente a posse e o acesso a armas no país e salvou mais de 160.000 vidas, segundo estudos”, anota a reportagem do El País.

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