“El Rio de la Plata”, obra de Marcelo Brodsky , “em suas águas marrons foram jogados para a morte milhares de argentinos” no período ditatorial

Em São Paulo – De 21 de outubro a 12 de março de 2018, poderá ser vista no Memorial da Resistência de São Paulo a exposição “Hiatus: a Memória da Violência Ditatorial na América Latina”.

Com curadoria de Marcio Seligmann-Silva, professor de Teoria Literária da Unicamp e membro do grupo de pesquisa do IEA (Instituto de Estudos Avançados da USP) que é co-organizador da exposição, a mostra promove o encontro de oito artistas que vêm se dedicando de modo original e expressivo ao tema da memória — Andreas Knitz, Clara Ianni, Fulvia Molina, Horst Hoheisel, Jaime Lauriano, Leila Danziger, Marcelo Brodsky e Rodrigo Yanes — com pesquisas que imergem e dialogam com os resultados das Comissões da Verdade e a continuidade de violações semelhantes no mundo contemporâneo.

O acervo pretende contribuir para a reflexão sobre a memória das ditaduras na América Latina, com destaque para o Brasil, a Argentina e o Chile. A exposição é organizada pelo Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia, Política e Memória, pela Associação Pinacoteca de Arte e Cultura e pelo Memorial da Resistência de São Paulo, com apoio do Instituto Goethe e da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.

O período ditatorial pode ser percebido como um momento de interrupção, um hiato, que o destaca em relação à história e continuidade do país, entendem os organizadores. Assim, Hiatus: a Memória da Violência Ditatorial na América Latina é uma curadoria inspirada na ideia de que se deve encarar esse elemento de exceção da história, o momento da ditadura.

“Esse ‘hiato’ é um momento de aprofundamento das tensões sociais que levaram ao acirramento da violência de Estado. Encarar desse modo essas ditaduras é importante para termos em mente que a memória desses ‘hiatos’ deve servir de crítica a cada presente: todo ato de memória da ditadura deve ser também um tal momento de reflexão crítica”, explica Márcio Seligmann-Silva.

As memórias das ditaduras são percebidas de maneiras diferentes em cada país. Como lembra Márcio Seligmann, a Argentina tem uma intensa presença das marcas da ditadura em seu território e em sua paisagem política e histórica. O Brasil, por outro lado, de um modo geral, “resiste muito mais a enfrentar a tarefa de elaborar essa memória, buscar a verdade e a justiça, estabelecer os marcos e as marcas da recordação desse passado”. (Carta Campinas com informações do IEA-USP).

Hiatus: a Memória da Violência Ditatorial na América Latina
A partir de 21 de outubro, às 11h
Memorial da Resistência de São Paulo, Largo General Osório, 66 – Santa Ifigênia, São Paulo
Mais informações: Sandra Sedini ([email protected]), telefone: (11) 3091-1678 ou no SITE.