Jovens negras de todas as regiões do país participam de encontro no município de Capelo do Alto (120 km de Campinas), até este domingo (10) para discutir racismo, identidade de gênero, sexualidade, participação política e o direito ao bem viver.

“Trazer o bem viver como bandeira tem a ver com a transformação do sentido de que a gente não está lutando apenas para viver. Não é viver a qualquer custo, é viver com qualidade, viver bem”, disse Mohara Valle, uma das organizadoras do evento e integrante do Núcleo Autônomo de Trabalho de Comunicação e Tecnologia.

Esta é a segunda edição do Encontro Nacional de Negras Jovens Feministas, que ocorre como um espaço de fortalecimento e articulação do movimento de mulheres negras, segundo as organizadoras. “A gente imaginou que em um período de quase dez anos entre este e o primeiro encontro já era hora de a gente se reunir e realmente pensar juntas, ter momentos de reflexão, mas ao mesmo tempo dialogar o que a gente quer, quais são os nossos projetos de futuro”, disse Mohara.

Segundo a militante, o encontro ocorre no contexto de fortalecimento da organização das mulheres negras, sobretudo após a marcha nacional ocorrida em Brasília, em 2015. “Foi o momento de afirmação e reafirmação dos compromissos e pactos com a luta pela eliminação do racismo no Brasil. Foi um rito de passagem”, diz o manifesto assinado pelos movimentos e coletivos que organizam o encontro.

Apesar de ser um encontro de juventude, Mohara destaca que a proposta é trabalhar a perspectiva intergeracional. “Que a gente possa, bebendo dessa fonte, pensar o nosso futuro. É discutir essa relação do que acontece agora e do que aconteceu no passado e entender em que momento a gente está”, disse. A partir dessa atividade, a proposta é discutir formas de organização das mulheres, como a formação de uma rede, bem como mapear experiências.

Entre as participantes estão Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, Rede de Mulheres Negras Afro Latinas, Fórum Permanente Pela Igualdade Racial, Fundo de População das Nações Unidas, Rede de Mulheres Negras do Nordeste, Instituto de Mulheres Negras do Amapá, Geledés, Odara – Instituto da Mulher Negra, Rede Mulheres Negras do Paraná, Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, Rede de Ciberativistas Negras, Instituto de Estudos Sociais, Associação de Profissionais do Audiovisual Negro, Associação Mulheres de Odun, Blogueiras Negras, Centro das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) e Criola. (Agência Brasil – Foto: Fran Silva)