O cientista político e professor da Unicamp, Marcos Nobre, afirmou que a possibilidade de o governo Michel Temer (PMDB) conseguir aprovar mais alguma reforma, após a votação do dia 2, é praticamente nula.

Ou seja, é um governo politicamente acabado, a espera do fim. “Ah, não. Isso acabou. Eles já admitem que a Reforma da Previdência não vai dar. Agora é aquele momento Sarney (ex-presidente José Sarney)”, disse em entrevista ao portal da BBC Brasil.

Para ele, a questão agora é como organizar o “governo Sarney” nesse último ano e meio. “É um governo totalmente dependente do Centrão, que agora passou a ser articulado por Aécio Neves, do PSDB”, diz.

Ele também afirmou que as elites econômicas imaginaram passar o poder ao Temer para implementar a agenda que nenhum governante que depende de votos seria capaz de tocar, mas se equivocaram, foi um lance malfeito. “O que passou até agora é um Frankenstein. A Reforma Trabalhista é uma loucura, metade do empresariado acha que não faz muito sentido”, afirma.

Para Nobre, a disputa interna do PSDB, que ficou evidente na votação que livrou Temer da investigação, quando os votos do partido foram metade a favor e metade contra,  mostra um PSDB rachado, com metade  já integrada ao Centrão (por influência de Aécio) contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Para o cientista, Aécio parecia morto, mas hoje é um morto-vivo. “Aécio é o novo Eduardo Cunha”, afirma, em referência à articulação dos interesses econômicos e fisiológicos dentro do Congresso. Para se safar, Aécio “grudou no governo Temer e grudou no Centrão. Para Aécio, defender Temer é defender a si mesmo”, diz. Aécio já abandonou a pretensão presidencial, ele agora estaria grudado na máquina econômica e fisiológica. (Veja entrevista) (Carta Campinas)