Por Verônica Lazzeroni Del Cet

As irmãs Ângela e Regina (à dir), ao lado de adotantes do GAVAA

Diante de tantos e tristes casos de abandono e maus tratos de animais, duas irmãs resolveram agir.

E isso já faz um bom tempo. Há dez anos, Ângela e Regina Valverde mudaram suas próprias vidas em prol de uma necessidade não humana, mas importante, que é a adoção de animais.

Depois de uma visita ao Centro de Controle de Zoonose de Campinas (CCZ), Regina Valverde e sua irmã se comoveram com o estado de diversos cães e gatos que não somente foram abandonados, como também estavam doentes ou machucados. Acabaram, então, criando o Grupo de Apoio aos Animais Abandonados (GAVAA). “De início, retiramos mais de 40 animais em um mês, cuidamos e doamos. Depois disso nunca mais paramos com nosso trabalho voluntário”, conta Regina Valverde.

A ONG se preocupou em tratar dos casos de abandono esquecidos pela população e que teriam, em prática, uma última chance de adoção. “Penso que a maior diferença que existe entre nossa ONG e as demais é que retiramos cães do antigo CCZ e não das ruas”, diz Regina enfatizando que os animais do antigo CCZ estão, geralmente, em um estágio de dor e sofrimento muito grandes.

O grupo, depois de acolher os animais do antigo Centro de Controle de Zoonose de Campinas, trata, castra e, após os cuidados necessários, utiliza os meios digitais, como o site próprio e páginas nas redes sociais, na busca por alguém que deseja adotar. “As redes sociais, hoje em dia, representam talvez 80% do sucesso do nosso trabalho voluntário com os animais. Facebook, fanpage e Instagram são ferramentas valiosas para a continuidade do trabalho”, diz Regina.

Renata e Will

No site do GAVAA é possível, inclusive, encontrar informações relevantes sobre a ONG, dicas de cuidados para os PETs, além de informações sobre vacinação, castração, socorros de urgência e também imagens de animais que aguardam adoção, bem como fotos de finais felizes com famílias que adotaram algum cão ou gato, como no caso de Renata Nista e de seu novo cão, Will.

Renata tinha já adotado outras duas vezes, mas foram animais encontrados na rua. Quando conheceu o site e todo o empenho do GAVAA, ficou encantada e tentada em adotar mais um animal de estimação. “Uma amiga do meu trabalho me falou sobre o GAVAA. Eu logo comecei a acompanhar o trabalho deles pelas mídias sociais, e não demorou muito para conhecer o Will, um dos cachorros que estava no abrigo há mais tempo, quase dois anos, e ninguém adotava”, conta Renata Nista, diretora de Dança e Teatro do Grupo Kê. “Confesso que quando fui visitar o Will pela primeira vez, gostei tanto do lugar onde os animais do GAVAA ficam que cheguei a pensar que lá era melhor para eles, todos juntos”, diz em meio a risadas.

O processo de adoção é juridicamente reconhecido e a ONG não somente encontra um lar, a partir de campanhas na internet, mas também realiza entrevista com o adotante e fiscaliza, durante dois meses, o animal de estimação adotado, garantindo segurança ao cão ou ao gato, sendo que podem ser retirados dos adotantes nos casos de descumprimento do que é ideal no tratamento dado ao animal.

Will e Renata

O grupo de apoio aos animais abandonados conta também com o trabalho de voluntários, contribuições de sócios mensais e apadrinhamento de animais. “Recebemos mais contribuições avulsas, pois de tempos em tempos começamos campanhas específicas para ajudar algum animal”, conta Regina Valverde.

A voluntária, que reconhece a importância do seu empenho, contabiliza um número de 40 a 50 voluntários que atuam em conjunto e que, portanto, fazem parte do GAVAA. Entretanto, toda essa ajuda nem sempre permanece em um número tão elevado. “Tem épocas que ficamos desfalcados de bons voluntários, então fazemos um trabalho nas redes sociais também para alavancar e estimular as pessoas a se voluntariar”, diz Regina.

Se o voluntariado que atende pessoas não só é valioso, mas também fundamental, na situação de cuidado aos animais abandonados também é. E isso é  visto nas contribuições que muitas ONGs recebem de pessoas que se sensibilizam pela causa.

Enfrentando desafios, o grupo e todo o empenho do voluntariado buscam aumentar os efeitos positivos do GAVAA, assim como esperam que as leis certifiquem ao cidadão que abandonar um animal na rua não deve ser uma solução. O GAVAA, ao longo dos dez anos, atua com os princípios que desde o começo os movem e, e certa forma, atenuam falhas de políticas públicas. “Infelizmente, as ações públicas são falhas já em relação ao humano em nosso país, então é mais ainda em relação aos cuidados com os animais abandonados”, afirma Renata Nista, adotante do cãozinho Will.