No próximo sábado (26/8), às 20h, e domingo (27/8), às 19h, estará em cartaz no Centro Cultural Casarão, em Campinas, o espetáculo Resvala em Silêncios, do premiado Grupo Dançaberta.

Em sua mais recente montagem, o grupo resolveu investigar as inúmeras possibilidades do silêncio, inclusive, o silêncio que dança.

A montagem se faz com os bailarinos Ayumi Hanada, Bruno Harlyson, Cléo de Paula, Flávia Pinheiro e Robson Lourenço, sob a direção de Júlia Ziviani, coreógrafa e docente do Instituto de Artes da Unicamp, com assistência de Cléo de Paula e Júlia Ferreira. O ponto de partida do espetáculo nasceu de uma inquietação da diretora. Na época, Júlia estava fascinada com a leitura de As formas do silêncio, de Eni Puccelli Orland. “Não há silêncio na atualidade. Isso só já era motivo suficiente para tratar desse assunto. Contudo, a partir desse livro, tive a constatação que nos faltam calma e silêncio interior. O ruído interno chega a ser maior do que o externo, principalmente quando percebemos o corpo como soma (palavra grega que significa corpo total-físico, mental e espiritual). A nossa prioridade passou ser a de encontrar um espaço de tranquilidade no interior do nosso corpo, para assim aprendermos mais sobre nós mesmos, e na relação com o outro e com o meio ambiente”, destaca a diretora.

A partir do tema definido e lançado ao grupo, a criação da montagem tornou-se coletiva. Para tanto, novas leituras foram propostas e os bailarinos foram instigados a trazer para a sala de ensaios lembranças vivas de situações pessoais em que o silêncio esteve presente. “Com esse material rico em discussão, passamos a trabalhar com improvisos e já selecionar algumas cenas que achávamos interessantes para a montagem. Aliás, no processo de criação do Grupo Dançaberta, o intérprete tem um papel bastante ativo e importante na construção do espetáculo”, conta a bailarina Ayumi Hanada.

Quem assiste a Resvala em Silêncios, percebe claramente as diversas formas que o silêncio ocupa e se apresenta no cotidiano: ora opressor e constrangedor, ora meditativo e contemplativo. Ou, até mesmo, o da morte. “Cada cena apresenta um sentido distinto do silêncio. Resolvemos trabalhar com esses vários lados para, propositalmente, instigar a reflexão e a percepção do público. Estamos mais interessados em perceber as sensações e os sentidos que o silêncio provoca nas pessoas do que tratar simplesmente da ausência do ruído. A questão é: ‘o que o silêncio me causa?’”, avalia.

Para perceber e possibilitar o acesso aos sentidos, o espetáculo se vale de diferentes movimentos dos bailarinos, numa mistura entre explosão e recolhimento, tranquilidade e euforia. “Busquei procedimentos para preparação e criação coreográfica que enfatizassem a atenção plena e ativa no momento presente, conhecida por muitos praticantes como mindfulness. Aliado a esses procedimentos contamos com uma preparação corporal específica desenvolvida por Fabricio Fernandes com a técnica de Pilates”, explica Julia. Soma-se a eles a trilha sonora original assinada por Marcelo Onofri, que, ao piano, em companhia de Eduardo Guimarães (acordeom), reforça pela linha melódica os diferentes tratamentos dados ao silêncio. Tudo isso distribuído em um espaço octogonal em que o público ocupa as quatro pontas da cena.

A turnê também prevê a realização de uma oficina na cidade sobre o processo de criação do espetáculo. Todas as atividades são gratuitas.

Resvala em Silêncios contou com o apoio do Prêmio ProAC Circulação de Espetáculo de Dança (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo). A montagem e a oficina Construção de estados corporais e processos criativos em dança passarão por cinco cidades do Estado: São Carlos, Taubaté, São Paulo, Sertãozinho e Campinas.

Em atividades há 17 anos, sob a direção da coreógrafa e docente Júlia Ziviani, o Dançaberta está vinculado ao Departamento de Artes Corporais da Unicamp (Campinas/SP). Formado por graduados e graduandos em Dança pela universidade, o grupo está focado na relação e na aplicabilidade de conceitos e princípios da educação somática na interpretação e na criação em dança. Destaque aos espetáculos Começar e Cutucar, vamos ver onde dá? (2009), Entre-meios (contemplado pelo ProAC Circulação, em 2011) e (Des)equilibrando Avessos (contemplado pelo ProAC Circulação, em 2016), bem como a Escondeus (contemplado pelo FICC, em 2013). (Carta Campinas com informações de divulgação)

Resvala em Silêncios, do Grupo Dançaberta
Quando: Sábado (26/8), às 20h, e domingo (27/8), às 19h
Onde: Centro Cultural Casarão (Rua Maria Ribeiro Sampaio Reginato, s/n, Terras do Barão, em Barão Geraldo, Campinas/SP)
Quanto: Ingresso no chapéu (contribuição espontânea)
Classificação etária: 12 anos
Duração: 50 minutos

Oficina Construção de estados corporais e processos criativos em dança
Domingo (27/8), das 14h30 às 16h30, no Centro Cultural Casarão
Objetivo: compartilhar alguns dos procedimentos usados para o levantamento de materiais criativos
no processo de criação do espetáculo Resvala em Silêncios, que partem da sensibilização do esqueleto, de relações entre imaginação e movimento, e de improvisações em grupo.
Vagas: 25 pessoas
Indicação etária: maiores de 16 anos
Público-alvo: bailarinos, pesquisadores e pessoas interessadas no movimento
Inscrições gratuitas AQUI