Por que o governo de extrema direita de João Dória ataca tanto os moradores de rua de São Paulo?

Pode parecer que são ações gratuitas retirar cobertores, jogar água em dias frios de inverno, proibir alimentação, jogar bombas, além de expulsar e demolir prédios com moradores dentro.

Tudo parece só insensibilidade, desumanidade. Antes fosse uma desumanidadezinha. Seria mais simples.

Mas, engana-se quem pensa em falta de insensibilidade, solidariedade ou que qualquer “idade” da razão ausente.

O certo é que há um componente político. Bem político. Ele julgam os drogados da cracolândia e os moradores de rua os seus maiores adversários. E eles estão corretos.

Com o poder judiciário atuando no combate ao PT de forma eficiente, o governo Dória/MBL ficou livre para investir sobre novos adversários políticos.

Os moradores de rua são atualmente os principais adversários políticos de João Dória e a ascensão da extrema-direita agressiva. Os mendigos, os pedintes e os sujos representam visualmente todo o fracasso e a falácia do discurso da extrema-direita paulistana.

Basta ver o ar engomadinho de João Dória. Há uma guerra de discursos que beira a uma guerra dentro do campo das expressões plásticas e visuais.

Os moradores de rua estão ali, por todos os lados, nas avenidas, becos, vielas, praças, jardins, mostrando o fracasso do projeto civilizatório dominante. Eles irritam, eles perturbam, eles desmentem os grandes defensores desse projeto neoliberal.

E por isso, também é preciso odiá-los, bani-los, destruí-los. O grafite nos muros da cidade era apenas uma metáfora do projeto cinza, projeto uniformizado, padronizado.

Os moradores de rua estão ali para expor (e isso é inadmissível) que aqueles conceitos, presentes na concepção de mundo dos governantes, são mentirosos, enganadores, totalitários e, principalmente, excludentes.

É por isso que eles precisam ser eliminados, apagados, internados compulsoriamente, deletados do campo visual.

Os moradores de rua são o avesso do governo João Dória e também o seu calcanhar de aquiles, o seu fracasso político, a sua incapacidade intelectual. E isso, meu amigo, é insuportável. (Susiana Drapeau)