Na crise financeira dos principais hospitais vinculados a universidades estaduais e federais no estado de São Paulo, o Hospital das Clínicas da Unicamp está em situação melhor que o Hospital São Paulo, que vive uma grande crise.

Considerado pequeno porte perto dos grandes hospitais de São Paulo, o HC da Unicamp é referência para mais de 6 milhões de habitantes de Campinas e cidades vizinhas. No entanto, é a única alternativa de atendimento oncológico para essa população. Realiza mais de 500 mil atendimentos por ano, o que inclui pronto-atendimento e cirurgias de grande porte, como transplantes. O HC é responsável por todos os exames de papanicolau, de prevenção ao câncer do colo uterino.

Escola para 600 estudantes de Medicina e 620 residentes em diversas especialidades, fica com 16% do orçamento que a Unicamp recebe do governo do estado via Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. Isso corresponde a R$ 120 milhões mensais, recursos congelados desde 2012 e cada vez mais comprometidos com folha de pagamento. O montante corresponde a 75% do orçamento, composto ainda por convênios específicos com o SUS e emendas parlamentares.

“Do nosso orçamento fixo, 60% vai para despesas com pessoal. O percentual deverá aumentar, já que em agosto haverá novo reajuste anual. Parte do nosso problema poderia ser resolvido caso pudéssemos receber recursos da filantropia, mas a legislação impede essa fonte de financiamento para hospital universitário estadual”, disse o superintendente do HC, João Batista de Miranda.

Vários hospitais passam por série crise financeira que reflete em piora na infraestrutura e pessoal e prejudica ainda mais o atendimento. Por causa disso, em várias regiões do estado a população tem de esperar ainda mais por consultas, exames e cirurgias. Na maioria, apenas as mais urgentes não estão sendo canceladas.

A situação mais grave é a do Hospital São Paulo (HSP), que cortou praticamente pela metade a média mensal de internações, passando de 600 para 350. Das cirurgias, apenas as de urgência continuam sendo feitas. As demais, todas canceladas. o HSP acumula R$ 160 milhões em dívidas. Deve R$ 150 milhões para bancos e R$ 10 milhões a fornecedores.

As dificuldades financeiras são antigas, mas se agravaram em 2016, quando prestou 36 mil atendimentos, 13 mil cirurgias e 1.200 internações. Primeiro hospital-escola a ser construído em São Paulo, na década de 1930, quando foi criada a Escola Paulista de Medicina, o HSP tem 1.600 alunos, dos quais 1.100 residentes médicos, e 5.000 funcionários. Ali são prestados atendimentos de pronto-atendimento, ambulatório e média e alta complexidade, como cirurgias de grande porte e as que exigem utilização de tecnologia médica de ponta.

Localizado na zona sul da capital, o hospital mantém 740 leitos e é referência para mais de 5 milhões de habitantes na capital e ABC paulista. Mas recebe pacientes de praticamente todas as cidades do interior e de outros estados, que procuram pelo atendimento especializado em oftalmologia, serviço dos mais avançados do Brasil. (Carta Campinas com informações da RBA)