Sem o controle da Operação Lava Jato do Paraná, comanda pelo juiz Sérgio Moro, as delações dos donos da JBS permitiram ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, abrir inquérito para investigar o vice-presidente Michel Temer, que chegou ao poder com um golpe parlamentar.

Toda a investigação e delação foram feitas longe e sem o conhecimento dos procuradores de Curitiba. Isso pode ter sido um fator importante. Em novembro do ano passado, o juiz Sérgio Moro chegou até a vetar perguntas formuladas por Eduardo Cunha (PMDB), que está preso em Curitiba, e que foram encaminhadas para que Michel Temer respondesse. Dessa forma, evitou que o vice-presidente se comprometesse nas respostas.

Sérgio Moro chegou a dizer que “Eduardo Cunha tentou intimidar Michel Temer”. Ao vetar, o juiz da Lava Jato também disse que o processo judicial não pode “transmitir ameaças, recados ou chantagens a autoridades (SIC)”  Veja Aqui.

A decisão de Fachin para investigar Temer foi tomada a partir das delações premiadas dos empresários Joesley Batista e Wesley Batista, donos do grupo JBS, controlador do frigorífico Friboi. As delações foram feitas em Brasília, sem passar pelos comando da Lava Jato de Curitiba e pelo juiz Sérgio Moro.  A previsão é de que o sigilo das delações seja retirado ainda hoje (18).

O conteúdo dos depoimentos envolvendo Temer foi antecipado ontem (17) pelo jornal O Globo. Segundo a reportagem, em encontro gravado em áudio pelo empresário Joesley Batista, Temer teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro para que estes ficassem em silêncio. Cunha está preso em Curitiba.

A Casa Civil confirmou hoje (18) que o Palácio do Planalto solicitou ao STF a íntegra das gravações. Segundo assessores, o material solicitado servirá de base para o pronunciamento a ser feito pelo presidente da República.

A Presidência da República divulgou nota na noite de ontem (17) na qual informa que o presidente Michel Temer “jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha”, que está preso em Curitiba, na Operação Lava Jato. (Carta Campinas e Agência Brasil)